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Presidente da Embrapa destaca papel da pesquisa agropecuária no futuro da alimentação – 03/09/2020

Presidente da Embrapa, Celso Moretti realiza palestra técnica promovida pela Embrapa Arroz e Feijão e Embrapa Florestas

O presidente da Embrapa, Celso Moretti, fez palestra técnica sobre os desafios da inovação,  em evento promovido pela Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO) e Embrapa Florestas (Colombo, PR) na manhã de terça-feira, primeiro de setembro. Moretti mostrou que, investindo em ciência, tecnologia e inovação agropecuária o Brasil continuará sendo um país ainda mais importante na alimentação do planeta.

Celso Moretti destacou as cinco décadas recentes de inovação agropecuária no Brasil a partir da ciência que tiraram o país da condição de importador de alimentos, onde predominava a insegurança alimentar, crises de abastecimento e pobreza rural, para a condição de grande exportador de alimentos e gerador de tecnologias. A partir deste histórico, ele apresentou cinco cenários distintos que deverão, de algum modo, induzir as pesquisas e contribuições da Embrapa.

Para o presidente da Embrapa a produção de alimentos, fibras e bioenergia no cinturão tropical continuará sendo um dos grandes desafios por conta das mudanças climáticas, e das intempéries do solo devido ao calor, a temperatura e a chuva. Na visão dele, isso envolve também maior pressão de pragas e doenças que estão mais propicias à multiplicação, comparado aos climas de inverno europeus, onde a neve e o frio ajudam a controlar melhor as pragas e doenças no campo.

“Em cinco décadas o Brasil foi capaz de criar um modelo sustentável e competitivo de agricultura tropical, sem paralelo no mundo. Tudo isto só foi possível porque temos um sistema de pesquisa e inovação agropecuária no qual fazem parte Embrapa, universidades federais, estaduais e privadas, o sistema estadual de pesquisa agropecuária e, obviamente, o setor privado que compõem este robusto sistema de pesquisa e inovação agropecuária”.

O modelo brasileiro de agricultura movida a ciência tem alavancado a agropecuária nestes quase 50 anos, em que o sistema público de pesquisa se destaca como modelo de inovação aberta e baseada em processos de pesquisa, desenvolvimento e inovação que tem gerado um volume de entregas vigorosos para a sociedade brasileira.

O presidente destacou, como exemplo, a fixação biológica de nitrogênio que possibilitou a milhões de hectares de soja no Brasil não precisarem de adubo nitrogenado. A tecnologia gerou uma economia de 22 bilhões de reais, só em 2019, e o país deixou de emitir 100 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, contribuindo com a mitigação de gás de efeito estufa. “Isto mostra que, só com uma tecnologia desenvolvida, é capaz de pagar seis anos de orçamento de pesquisa da Embrapa. Atualmente o país investe 1,2% do PIB em ciência, tecnologia e inovação. Isto nos coloca em 14º lugar em geração de conhecimento, mas o Brasil hoje ocupa o 66º lugar em inovação”.

Brasil terá papel ainda mais fundamental

O presidente da Embrapa destacou que dados das Nações Unidas mostram que, em 2030, o planeta deverá ter algo entre 8,5 bilhões de pessoas. Também indicam que, com exceção da Europa, os demais continentes terão incremento da população, um maior processo de urbanização e em alguns lugares, mais concentração de renda e aumento da longevidade.

Os cenários apontam, ainda, um aumento de 35% de demanda por alimento, 40% de energia e em torno de 50% por água. Para ele, o Brasil com as tecnologias disponíveis e os investimentos que deverão ser feitos em ciência, tecnologia e inovação agropecuária continuarão sendo extremamente importantes no cenário de 2030.

Entre as apostas neste cenário futuro em que a Embrapa vislumbra está a edição genômica de plantas, animais e microrganismos. A Empresa hoje tem projetos em andamento na cadeia produtiva da soja, buscando a adaptação da seca e resistência a nematoides e na cadeia produtiva do feijão comum para redução do escurecimento do tegumento.

O zoneamento agrícola de risco climático foi também apontado para a necessidade de que a gestão de riscos esteja integrada à produção agrícola. Também chama a atenção o futuro dos bioprodutos, resultados da emergente bioeconomia, ou seja, a economia de base biológica, cada vez mais importante. Como exemplo recente, Moretti chamou a atenção para o bioinsumo que permitiu a disponibilidade de fósforo que estava armazenado no solo. Ele explicou que a diversificação da matriz produtiva dá novas opções aos produtores. Se, por um lado, o monocultivo fortalece a especialização, por exemplo, por outro, corre-se riscos com pragas, doenças e outros fenômenos repentinos que possam afetar a produção.  

Outro destaque é a intensificação sustentável com a integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF), considerada uma oportunidade de aumentar a renda do produtor, dividindo em diferentes cadeias na lavoura, na pecuária e no componente florestal. A agricultura digital foi apontada pelo presidente da Embrapa como uma realidade para o agro brasileiro. O uso de drones, sensores e inteligência artificial, análise de grandes massas de dados de big data tornam urgente a necessidade de melhorar o sistema de conexão de internet no ambiente rural.

Uma perspectiva importante, segundo o presidente da Embrapa, é a tendência de consumo de proteína vegetal. Para ele, esta é uma realidade que vem crescendo em muitos países e o Brasil, como  grande produtor de proteína animal, precisa estar atento para este movimento voltado, também, para a cadeia produtiva vegetal.

Pesquisa está preparada

Os microbiomas completam o conjunto de tendências apontadas por Celso Moretti. De acordo com o presidente da Embrapa, os estudos sobre os microrganismos localizados em volta do sistema radicular ou no rúmen de animais podem ajudar a produzir melhores tecnologias, como é o caso das bactérias que solubilizam o fósforo e de bactérias que melhoram o metabolismo de ruminantes.

Celso Moretti também abordou a importância da convergência tecnológica, reunindo o uso de conhecimento de bio, nano e de geotecnologia juntos no mesmo ambiente. Ele indica que a pesquisa pública brasileira está preparada para seguir dando sua contribuição no futuro, do mesmo modo que deu até o momento. Para isso, atua em várias frentes, mas mantém atenção especial a temas que, no momento, tem maior capacidade de gerar impacto amplo na produção de alimentos e na sustentabilidade.

A palestra técnica online foi transmitida pelo canal Embrapa no youtube e faz parte da programação de eventos promovidos pela Embrapa Arroz e Feijão e Embrapa Florestas, sendo coordenado pela pesquisadora da Embrapa Floresta, Cristiane Fioravante Reis. O evento teve participantes de várias instituições do país e do exterior, das Unidades da Embrapa, as universidades federais e estaduais, representantes do setor produtivo, consultores e executivos do setor público, da iniciativa privada, além das Organizações Federais e Estaduais de Pesquisa Agropecuária.

Foto: Jorge Duarte 

Hélio Magalhães (DRT MG 4911)
Embrapa Arroz e Feijão

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