Um painel realizado nesta quinta-feira, último dia do VIII Congresso Brasileiro de Soja, apresentou reesultados de pesquisa e experiências de produtores que comprovam os benefícios da integração lavoura-pecuária. O acúmulo de matéria orgânica, a cobertura permanente do solo e a ciclagem de nutrientes foram destacadas pelos palestrantes.
Apresentando resultados de experimentos de longa duração, alguns com mais de 30 anos, o pesquisador da Embrapa Cerrados Robélio Marchão, mostrou como a inclusão de braquiária em áreas de soja contribui para a melhoria da qualidade do solo e para a ciclagem de nutrientes. Com raízes volumosas e atingindo camadas mais profundas do solo, o capim aproveita resíduos de adubação disponíveis em camadas não alcançadas pelas raízes da soja e do milho.
A alta produção de biomassa das braquiárias, tanto na parte superficial da planta quanto nas raízes contribui ainda para o incremento de matéria orgânica no sistema, favorecendo a atividade microbiana.
“Braquiária é uma excelente opção para ciclagem de nutrientes e recolonização do solo tanto pelos microrganismos quanto por animais maiores como minhocas, por exemplo”, disse.
A cobertura permanente do solo peita pela palhada ainda traz o benefício da redução do banco de sementes de plantas daninhas e evita a perda de solo em processo de erosão.
Experiência do produtor
E foi justamente o problema de erosão que levou a cooperativa Cocamar a apostar na integração lavoura-pecuária como uma solução para a região do Arenito Caiuá, no noroeste do Paraná. Com solos com níveis baixíssimos de argila, baixa capacidade de retenção de água, baixo teor de matéria orgânica e de nutrientes e com alta suscetibilidade à erosão, o plantio de soja em sistema convencional não teve viabilidade. As áreas de pastagens, por sua vez, encontravam-se, na maior parte, em estágios elevados de degradação.
A solução para melhorar a produtividade nas fazendas dos cooperados foi encontrada na integração lavoura-pecuária.
“O protagonista é a pecuária. A soja entra como ferramenta para melhorar a fertilidade do solo”, explica o gerente técnico da Cocamar Renato Watanabe.
Para o plantio do grão é feita a correção do solo e a adubação e o plantio direto na palhada deixada pelo pasto dessecado. Após a colheita da soja, a braquiária volta a ser semeada, fazendo um pasto de inverno e mantendo o solo coberto. No modelo proposto pela cooperativa, a soja é cultivada por dois anos em cada talhão e depois a pecuária permanece por dois a cinco anos, quando o ciclo é reiniciado.
Com esse sistema, o problema da erosão foi superado, a fertilidade do solo vem sendo recuperada e produtores mais do que dobraram a produtividade da pecuária.
Experiência parecida tem tido o consultor Adriano da Paz, no norte de Mato Grosso. Nas fazendas que assiste tem trabalhado com a integração lavoura-pecuária, aumentando os ganhos da lavoura e da pecuária.
“A agregação de tecnologia na integração lavoura-pecuária está levando a cada vez ter produtividades maiores, mas ainda há grandes desafios, como o do manejo microbiológico do sistema”, disse Adriano.
Outro desafio apontado pelos palestrantes é o da assistência técnica. De acordo com eles, ter o acompanhamento próximo de um técnico é fundamental para o sucesso dos projetos de ILPF.
Congresso
Promovido pela Embrapa Soja, o VIII Congresso Brasileiro de Soja foi realizado de 10 a 14 de junho, no Centro de Convenções de Goiânia (GO). Mais de 2.000 pessoas de todos os segmentos da cadeia produtiva da soja participam das discussões.
Nos quatro dias de evento, a programação contou com cinco conferências, 16 painéis temáticos, 50 palestras e 340 trabalhos científicos apresentados em forma de pôsteres. Além disso, no pavilhão principal, 57 empresas expuseram suas tecnologias, produtos e serviços disponíveis para a cultura da soja
Assessoria de imprensa do Congresso Brasileiro de Soja (CB Soja)
Jornalistas: Carina Rufino, Lebna Landgraf e Gabriel Faria
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