Dia de campo sobre ILPF no município de Pedro Velho, RN
A Embrapa Algodão e parceiros promoveram nesta quarta-feira, 11, dia de campo sobre Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF): uma estratégia para o negócio agropecuário no Nordeste. O evento reuniu mais de 100 produtores rurais e técnicos do setor agropecuário do Rio Grande do Norte, na Fazenda Alto do Machado, no município de Pedro Velho, RN.
“Durante toda a manhã mostramos aos produtores e demais participantes a tecnologia ILPF que, além de mitigar a emissão dos gases do efeito estufa, aumenta a produtividade e a renda do produtor, melhora a fertilidade do solo, o conforto térmico e o bem-estar animal. É uma tecnologia amplamente adotada e um experimento importante para mostrar que é possível ser aplicado no Rio Grande do Norte”, disse na abertura do evento o chefe da Divisão de Desenvolvimento Rural da Superintendência Federal da Agricultura (SFA/RN), Tibério Souza.
Representando o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, o coordenador do Plano Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC), Elvison Nunes, aproveitou a ocasião para reforçar a importância do Rio Grande do Norte oficializar o Plano ABC Estadual para que o estado possa ter mais acesso a recursos e capacitações dos seus técnicos e produtores em boas práticas de sistemas de produção integrados. “Aqui nós temos juntos a possibilidade de obter crédito (referindo-se às instituições financiadoras de crédito rural presentes) e o conhecimento gerado pela Embrapa. Se nós conseguirmos adotar essas tecnologias, nós vamos mudar a cara da agropecuária no Rio Grande do Norte”, disse, enfatizando que a tecnologia não é voltada apenas para os grandes produtores, mas também para os pequenos e médios.
O chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Algodão Gilvan Ferreira destacou que a Rede ILPF está presente em todo o país com tecnologias adaptadas para as especificidades de cada região. “Aqui nós temos as braquiárias, consorciadas com o milho e os coqueiros, mas em outras regiões é possível adaptar o sistema de acordo com os seus objetivos. E os ensaios da Embrapa em cada região são uma vitrine para o que o agricultor possa ver para crer”, afirmou.
Um dos produtores interessados em entender um pouco mais sobre como funciona o consórcio milho e pastagens era o Jonas Juvêncio Fonseca, de Pedro Velho. Ele já cultiva milho e pastagem, mas não conhecia o ILPF. “Vim em busca de conhecimento sobre o plantio de milho junto com o capim para pisoteio. A minha ideia é tirar o milho e ainda ficar com o pasto. Essa integração é uma novidade aqui e me interessou bastante. Quero aprender com a experiência da fazenda”, disse.
É dando que se se recebe
Esse foi o tema da estação apresentada pelo chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Semiárido, Sérgio Guilherme de Azevedo, que apresentou um histórico econômico da fazenda nos últimos 10 anos e os custos para recuperação da área de pastagem degradada. Segundo ele, o custo inicial para a implantação do ILPF é maior, em comparação com modelo tradicional adotado na região de preparo do solo e semeadura, mas o retorno financeiro é bem maior. “No sistema de plantio convencional teremos um custo de implantação de R$ 660,10 por hectare, o que equivale a mais de dois animais abatidos para cobrir o custo. Já no sistema integrado, temos um custo de implantação de R$ 3.824,21, que pode gerar uma receita de R$ 7.200”, calculou.
Sombreamento ajuda a ganhar peso
Na estação sobre seleção do componente arbóreo frutícola, madeireiro e forrageiro o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros Samuel Souza apresentou vários sistemas recuperação de pastagens consorciadas com árvores como coqueiros, gliricídia e acácia, enfatizando a importância do componente arbóreo para o bem-estar animal. “O sombreamento das árvores é responsável por 25% da conversão em peso do animal. O animal ao sol vai gastar mais energia do que na sombra, além disso, o conforto térmico melhora a imunidade do animal”, explicou.
Após percorrer todas as estações, o produtor Jonas tirou algumas reflexões para a sua propriedade. “Uma coisa que ficou clara para mim é que venho tendo muito prejuízo por não fazer a análise do solo. Quando você tem uma boa análise, você sabe o que precisa corrigir, o que vai poder plantar, a análise de solo é o pontapé inicial. Se você não faz isso não vai ter um bom resultado”, disse.
Mudança de paradigma na região
Um dos nove técnicos da Emater/RN presentes ao dia de campo era Aureliano Ribeiro, do município de Serrinha, RN. Ele contou que já conhecia alguns trabalhos de integração lavoura-pecuária e caatinga e avalia que um dos obstáculos para ampliar a adoção do ILPF no Nordeste é o investimento inicial para recuperação das áreas. “A maioria dos produtores da região são extrativistas, só querem tirar da terra e não tratam de repor e é por isso que a terra fica degradada”, observa. No entanto, ele ressalta que a redução dos custos de produção é um dos aspectos mais importantes do ILPF. “Com o consórcio, você reduz o custo de recuperação de pastagem, reduz a adubação, melhora o solo, aumenta o bem-estar animal…”elencou.
Durante o evento foram apresentadas estratégias de manejo e conservação do solo; demanda nutricional das pastagens; demanda nutricional do milho ou sorgo; silagem; grãos; ciclagem dos nutrientes; economicidade dos sistemas de implantação e reforma de pastagens; seleção do componente agrícola e forrageiro de corte: milho grão; milho silagem; sorgo para silagem; seleção do componente arbóreo frutícola, madeireiro e forrageiro no litoral e agreste, entre outros temas.
O dia de campo foi uma realização da Embrapa, em parceria com o Plano ABC, Rede ILPF, Emparn, Associação Norte Riograndense de Criadores (Anorc), e as empresas de sementes Biomatrix, Moeda, Agromatos e Agrosalles.
Foto: Edna Santos
Edna Santos (MTb/CE 1700)
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