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Sistemas integrados crescem como alternativa para intensificar produção e aumentar rentabilidade – 09/10/2019

Seminário debate conjuntura do sistema de Integração Lavoura-Pecuária na produção agropecuária mineira

Atualmente, ocorre a intensificação do uso da terra, principalmente por meio de sistemas integrados. Essa tendência foi foco de debates em seminário sobre a conjuntura do sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) na produção agropecuária mineira, realizado na Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG).

Wallisson Lara, analista de Agronegócios da Assessoria Técnica do Sistema Faemg, destacou a necessidade de aumento da produção de alimentos. “Em 2050, será preciso alimentar 9 bilhões de pessoas. Hoje, a população mundial é de 7,6 bilhões de habitantes. Para suprir a demanda populacional, será preciso aumentar a produção de alimentos de qualidade em 70% até 2050. Isso será possível com intensificação sustentável, que tem como um exemplo a Integração Lavoura-Pecuária”, explica Wallisson.

Segundo o analista, fundamentos que poderão ser chave do sucesso são: gestão, investimentos em tecnologias de ponta, organização de produtores e indústrias para aumentar a eficiência das cadeias produtivas.

Os números atuais já demonstram como a adoção de tecnologias garante retorno aos produtores. A pecuária de corte (recria e engorda) com aplicação crescente de tecnologia apresentou rentabilidade de 3,6% em 2018. Já a mesma atividade com baixa tecnologia teve um déficit de 0,2%.

Nesse sentido, o pesquisador Rubens Miranda, da Embrapa Milho e Sorgo, analisa que a pecuária extensiva não apresenta perspectivas para o futuro. “Há uma necessidade de maior eficiência, de intensificação da produção. A pecuária extensiva, com pastagens degradadas, não se sustenta”, avalia.

O pesquisador apresentou dados dos Censos Agropecuários que revelam mudanças na pecuária ao longo dos últimos anos. Houve, por exemplo, uma inversão nas taxas de utilização de pastagens naturais para pastagens plantadas. Em 1975, eram mais de 125 milhões de hectares de pastagens naturais contra 39 milhões de hectares de pastagens plantadas.  Em 2017, passou-se para mais de 111 milhões de hectares pastagens plantadas, enquanto as naturais caíram para 46 milhões de hectares.

Rubens comentou uma estimativa, publicada no portal Compre Rural, de que 60% dos pecuaristas em atividade vão desaparecer em 20 anos. E apresentou números que demonstram oportunidades desfavoráveis à pecuária extensiva. O arrendamento de terras nas principais regiões produtoras de soja tem valores atrativos, chegando ao preço de 24 sacas de 60 quilos de soja por hectare no Paraná. Nessas regiões, torna-se mais interessante para o produtor arrendar seu terreno do que manter a atividade pecuária.

“É improvável que a pecuária predominantemente extensiva no Brasil se aproxime do perfil da atividade praticada nos Estados Unidos nos próximos anos. Contudo, há uma clara tendência de intensificação do uso da terra, principalmente por meio de sistemas integrados”, avalia o pesquisador.

Nos últimos anos, houve um crescimento expressivo desses sistemas no país. A área com algum tipo de adoção de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) era de 1,87 milhões de hectares no ano de 2005 e chegou a 15 milhões de hectares em 2017.

Nesse cenário, dentre as possibilidades de configuração dos sistemas, entre os produtores cujo foco predominante é a pecuária, a ILP é a mais adotada, com 83%; ILPF tem 9% de adoção; Integração Pecuária-Floresta (IPF), 7%; e a Integração Lavoura-Floresta (ILF), 1%.

A pesquisadora Márcia Cristina Teixeira da Silveira, da Embrapa Pecuária Sul (Bagé-RS), demonstrou que é possível melhorar a eficiência da produção sem, necessariamente, aumentar custos. “O manejo adequado de pastagens permite um incremento de produção a partir de conhecimento. Podemos produzir muito mais do que estamos produzindo, sem gastar mais para isso”, explica.

Márcia demonstrou que o custo de forragem em pastejo equivale a um terço do custo de outras fontes de alimento, como silagem, feno e concentrado. E destacou que ações de manejo são relações de causa e efeito. “Por isso, não se pode trabalhar com tentativa e erro. É preciso entender e conhecer os fatores de implantação da área, como escolha de sementes, preparo do solo, cuidados no plantio, e também a forma de utilização da pastagem”, afirmou.

A pesquisadora explica que, pensando em adoção de estratégias simples, o uso do manejo por altura tem trazido bons resultados. É uma estratégia que visa respeitar o crescimento de plantas e possibilitar aos animais consumirem no melhor momento e em quantidade.

“A planta nem sempre responde a dias de descanso e ocupação fixos. Tem ritmo de crescimento variável, de acordo com região, fertilizantes, condições climáticas. Por isso, a entrada e a saída do gado não devem seguir intervalos fixos. O ajuste da carga de animais deve ser feito de acordo com altura mínima e máxima, seguindo as recomendações para cada espécie”, explica Márcia.

A pesquisadora demonstrou que a relação entre massa e altura permite trabalhar com a altura como um parâmetro seguro para manejo de pastagens, a fim de garantir forragem em quantidade e qualidade aos animais. Ela destaca que uma mesma planta forrageira com diferentes manejos pode ter melhor ou pior valor nutritivo. Além disso, é possível colocar o gado para melhorar o solo via manejo correto do pasto e animal.

Há recomendações técnicas para as diversas espécies de forrageiras. A pesquisadora cita como exemplo a publicação “Uso da altura para ajuste de carga em pastagens”, que traz medidas recomendadas para entrada e saída de animais em áreas com diferentes gramíneas.
 

Foto: Sandra Brito
Marina Torres (MTb 08577/MG)
Milho e Sorgo

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