Reunião que antecedeu a assinatura do acordo contou também com parte do corpo técnico de ACV da Embrapa.
Pesquisa vai gerar bases de dados e aprimorar metodologia de análise de ciclo de vida e de uso da terra na produção de insumos do setor de alimentação animal, adequadas à realidade brasileira
Um acordo assinado quarta-feira, 27 de novembro, na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), vai permitir a revisão dos dados e protocolos de Análise de Ciclo de Vida (ACV) internacionais, que avaliam a sustentabilidade da produção agropecuária brasileira. O acordo foi celebrado pelo Sindirações, ABPA, Abiove, além da Embrapa.
Um acordo assinado quarta-feira, 27 de novembro, na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), vai permitir a revisão dos dados e protocolos de Análise de Ciclo de Vida (ACV) internacionais, que avaliam a sustentabilidade da produção agropecuária brasileira. O acordo foi celebrado pelo Sindirações, ABPA, Abiove, além da Embrapa.
A iniciativa, que tem o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é um esforço conjunto que reúne a iniciativa privada, pesquisa e governo para fomentar a execução de pesquisa agropecuária que irá adaptar e integrar dados de desempenho ambiental, como o inventário de ciclo de vida de insumos para ração animal produzidos no país e, com isso, possibilitar um alinhamento destas informações com os bancos de dados internacionais, como a Livestock Environmental Assessment and Performance Partnership – LEAP ou o Global Feed LCA Institute (GFLI).
O objetivo é que a equipe de ACV da Embrapa, baseada no vasto conhecimento e informações científicas sobre a agropecuária brasileira, desenvolva modelagem para demostrar, com melhor acurácia, as realidades de sustentabilidades inerentes ao sistema produtivo agropecuário do país. A interação e a publicação em bancos de dados internacionais é a melhor forma de fazer chegar à comunidade internacional informações e dados dos produtos agrícolas e pecuários gerados a partir das características da produção brasileira.
Participaram da formalização da parceria o chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi; a pesquisadora e coordenadora do grupo de ACV da Embrapa, Marília Folegatti; o diretor de Relações internacionais da ABPA, Ariel Mendes; o CEO do Sindirações, Ariovaldo Zani; a coordenadora de sustentabilidade da ABIOVE, Cindy Moreira, além do assessor especial para assuntos ambientais do Mapa, João Adrien e de parte da equipe técnica da Embrapa que irá conduzir os trabalhos.
Adrien ressaltou que os resultados a serem apresentados pela pesquisa da Embrapa irão ao encontro da promoção da agropecuária brasileira no cenário internacional, uma vez que poderá demonstrar as realidades do setor produtivo, que é baseada em tecnologias tropicais, com legislação e métodos diferenciados de outros países e que entrega contribuições únicas para a sustentabilidade e que nem sempre são contabilizadas. Conforme ele, há um desconhecimento por parte de alguns organismos multilaterais, que discutem a sustentabilidade da agropecuária global, sobre o cenário da produção brasileira, onde as especificidades não são consideradas. Assim, a iniciativa vai contribuir muito para o posicionamento do governo brasileiro junto aos organismos internacionais, de forma a agregar valor à carne brasileira, que possui níveis de sustentabilidade muito distintos dos competidores.
O assessor do Mapa ainda lembrou que, globalmente, muitos países desenvolvidos possuem tendência a desenvolverem métricas e indicadores de sustentabilidade a partir de suas realidades e que levam, de alguma maneira, a criação de barreiras não tarifárias ao comércio internacional. “Se não formos proativos, essas medidas podem prejudicar a nossa imagem no mercado internacional. Por trás de questões ambientais existe toda uma geopolítica atuante, com a qual devemos nos atentar”.
Ariovaldo Zani, CEO da Sindirações, ressaltou que as pesquisas que irão adequar as bases de dados e a metodologia de ACV para a realidade brasileira, com vistas à revisão de sustentabilidade do setor, são uma demanda de mais de dois anos e extremamente pertinentes, uma vez que os métodos internacionais não ponderam a nossa realidade com a devida justiça.
“Espera-se, com a revisão, melhorarmos significativamente os nossos índices produtivos, com impactos positivos nas exportações”, disse.
A pesquisadora da Embrapa Marília Folegatti salienta que o esforço conjunto “concorre para a defesa dos nossos produtos agrícolas e pecuários no mercado internacional”.
Ariel Mendes, diretor de Relações internacionais da ABPA, destaca que o Brasil está “preparado para fazer poeira e não para comer poeira”, ou seja, podemos ser influenciadores do desenvolvimento sustentável e não ficar refém e só atendermos às demandas de fora.
Já Marcelo Morandi da Embrapa, enfatiza que o real valor do investimento em ciência, muitas vezes só é percebido pela sociedade quando os resultados se transformam em impacto, em nova forma de ver ou interagir com o mundo, de gerar novos negócios ou inovar nos tradicionais, agregando renda, empregos e sustentabilidade. “Esse é o objetivo de trazer para a discussão os diversos atores do setor produtivo, a pesquisa e o poder público, como estabelecido nesta parceria”.
Além da equipe da Embrapa Meio Ambiente, participam também da iniciativa pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP).
Agricultura tropical
O Brasil tem se destacado mundialmente pela expansão da produção agrícola com maior preservação dos recursos naturais. A intensificação produtiva tem sido promovida por meio de conhecimentos, inovações e tecnologias agrícolas, que aumentam rentabilidade e minimizam impactos ambientais. Nossa agricultura tropical é baseada em métodos, legislação e conceitos muito particulares, quando comparada a outros países produtores.
Código Florestal, Sistemas Integrados de Produção (ILPF), Fixação Biológica de Nitrogênio, Plantio Direto, Agricultura de Baixo Carbono e outras técnicas produtivas, com viés de sustentabilidade são a base da produção rural.
Tecnologias voltadas para a produção sustentável são desenvolvidas por órgãos de pesquisa, seja por meio da Embrapa, universidades ou organismos estaduais de pesquisa e mesmo pelo setor privado. Tais esforços visam reduzir o uso de insumos, ou seja, defensivos e fertilizantes, água e combustíveis, diminuindo a emissão de Gás de Efeito Estufa (GEE), que agregam ao agronegócio nacional uma posição de destaque no cenário global de sustentabilidade produtiva e de competitividade.
É justamente nesse contexto que a revisão dos dados e metodologia de ACV e de uso da terra (LUC) irá buscar elementos para destacar as qualidades do sistema produtivo brasileiro no cenário internacional.
Foto: Marcos Vicente – Embrapa
Marcos vicente (MTb 19.027/MG)
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