Fazenda Dona Isabina foi a primeira URT de ILPF em Mato Grosso
A diversificação da produção, gerando maior segurança, foi o que motivou o produtor Agenor Pelissa a aceitar o convite da Embrapa e instalar, em 2005, na Fazenda Dona Isabina, em Santa Carmem (MT), uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) de integração lavoura-pecuária. Foi o primeiro contato dele com a tecnologia que viria a adotar em grande escala anos depois.
Agricultor e pecuarista, Pelissa produzia em áreas separadas soja, arroz (grão e semente) e bovinos de corte. Desta forma, a ILP foi configurada de modo a integrar as três atividades, atendendo as necessidades da fazenda.
Para isso, uma área de 100 ha foi dividida em cinco talhões de 20 ha. O sistema de rotação e sucessão de culturas foi assim configurado:
Etapa | Safra | Safrinha |
1 | Soja precoce | Milheto + B. ruziziensis |
2 | Arroz | B. ruziziensis |
3 | Soja precoce | Milho + braquiária |
4 | Braquiária | Braquiária |
5 | Braquiária | Braquiária |
“Na época das chuvas os bois ficam numa área restrita, chamada de área pulmão, e na seca, quando temos menor disponibilidade de forragens, nós temos a área de lavoura e o boi vai para a roça onde acaba comendo restos da palhada de milho, restos de milheto e a Braquiária ruziziensis que foi implantada nessas áreas. São experiências que deram certo”, avalia.Cada talhão começou o projeto em uma das etapas, de modo a manter na safra sempre dois módulos com soja, um com arroz e dois com pastagem, garantindo a rotação e sucessão em todos eles.
Todo o desenvolvimento da ILP na Fazenda Dona Isabina foi acompanhado por outros produtores, profissionais e estudantes da região, que puderam participar de dias de campo e visitas técnica à fazenda.
Resultados econômicos
Um acompanhamento econômico feito por um projeto realizado pela Embrapa Agrossilvipastoril, Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária e Rede de Fomento ILPF na integração lavoura-pecuária da Fazenda Dona Isabina entre 2005 a 2012 demonstrou que o sistema integrado teve resultados econômicos melhores naquele período do que o modelo produtivo mais comum na região, com o cultivo de soja na safra e milho na safrinha.
Para cada R$ 1 investido pelo proprietário no sistema integrado, o lucro foi de R$ 0,53. Já a fazenda modal da região, com agricultura exclusiva, neste mesmo período teve um prejuízo de R$ 0,31. O lucro anual de cada hectare na ILPF foi de R$ 230, muito superior ao prejuízo anual médio de R$ 116 da sucessão soja e milho.
Indicadores | Fazenda Modal | Fazenda Dona Isabina |
VPLA* | -R$ 115,97 ha-1 | R$ 230,21 ha-1 |
ROIA | -5,09% | 6,24% |
Índice de Lucratividade | R$ 0,69 | R$ 1,53 |
*Valor por hectare/ano |
A vantagem da ILP se deu em um cenário de preços baixos das commodities agrícolas nos anos de 2005 e 2006 e de aumento dos custos de produção. Dessa forma, a presença da pecuária no sistema ajudou a equilibrar as contas, demonstrando a vantagem da diversificação.
“Com esse sistema o produtor passou a ter quatro fontes de renda na mesma área. Mais opções de renda transmitem a ele maior segurança. Dificilmente vai ter todas essas commodities com preços baixos”, analisa o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Flávio Wruck, que acompanhou desde o início o trabalho de integração na fazenda.
Expansão
Satisfeito com os resultados obtidos com a integração lavoura-pecuária na Fazenda Dona Isabina, Agenor Pelissa expandiu a estratégia para outra fazenda que possui, passando a adotá-la em escala ainda maior.
“Pela experiência, deu para perceber a viabilidade do projeto e a gente acabou estendendo isso para uma outra propriedade, numa área bem maior”, afirma.
Na Fazenda Dona Isabina, em uma área de 10 ha, Pelissa também passou a testar uma configuração de integração com o componente florestal. Para isso plantou quatro clones de eucalipto (H13, GG100, I 144 1277) em configuração de linhas simples e de linhas triplas. O objetivo é utilizar a madeira para produzir mourões para as cercas da propriedade e vender parte da madeira grossa para serraria.
A distância entre renques foi de 24 metros, definida em função do tamanho da barra do pulverizador usada na propriedade (21m) acrescida de 1,5 m de sobra em cada lado para possibilitar o manejo da área.
Após dois anos de lavoura de soja, arroz, feijão, feijão-caupi e milho consorciado com braquiária entre os renques, foram inseridos na pastagem bovinos de corte e ovinos.
“Com esse sistema, além de melhorar a questão do bem-estar do gado, depois de sete a oito anos teremos a madeira para ser explorada. Unindo isso, pensando na parte ambiental, financeira e na estrutura que a fazenda já tem, achamos viável e acredito que esse seja o caminho para uma produção mais sustentável”, afirma Agenor Pelissa.
Texto: Gabriel Faria (mtb 15.624/MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
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Telefone: 66 3211-4227
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