O Seminário internacional sobre Sistemas agrossilvipastoris na América Latina e Caribe foi realizado de 1º a 4 de setembro e reuniu experiências de oito países com uso dessa estratégia produtiva.
Na abertura do evento, a chefe-geral da Embrapa Cocais, Maria de Lourdes Mendonça, frisou a importância da tecnologia Integração Lavoura-Pecuária-Floresta – ILPF para contribuir com o desafio de alimentar o mundo com sustentabilidade. A coordenadora da Rede Argentina de Ciência e Tecnologia Florestal, Ana Maria Lupi, falou de como instituições de pesquisa e ensino da América do Sul e Caribe se reuniram, desde 2018, para realizar ações conjuntas de divulgação em sistemas agrossilvipastoris. “Nosso objetivo é fortalecer essa rede, a RedSiip, e este evento é a primeira ação formal e pública de compartilhamento de estudos e experimentos realizados em seus respectivos países, inclusive com a participação importante dos produtores, usuários da tecnologia”.
O evento foi iniciado com a palestra do diretor da Rede ILPF, Renato Rodrigues, também pesquisador da Embrapa Solos. Rodrigues contextualizou o panorama atual, de crescimento populacional, esgotamento de recursos naturais, mudança do clima, degradação de solos e urbanização, cenário, segundo ele, em que é vital pensar em soluções cada vez mais urgentes. Para o pesquisador, lidar com esses desafios requer uma abordagem sistêmica que gerencia as complexidades de maneira sustentável, responsável e ética, valores essenciais para a produção, consumo e toda a cadeia produtiva.
Nesse sentido, Rodrigues falou que a adoção de tecnologias e sistemas sustentáveis de produção de alimentos é extremamente importante para se garantir segurança alimentar e nutricional da população e a preservação do meio ambiente, como a ILPF. “É uma tecnologia que não só aumenta a produção, mas também a qualidade do alimento produzido. Ainda é possível aumentar mais a produtividade desses sistemas, diversificar a produção, agregar valor a produtos, certificar propriedades, organizar as cadeias produtivas e criar novos mercados. Além disso, a ILPF pode ser utilizada em qualquer propriedade, levando em consideração as peculiaridades dos diversos biomas brasileiros. Estimamos que a área ocupada com ILPF ocupe hoje mais de 17 milhões de hectares e vamos trabalhar para atingir 30 milhões em 2030, reflexo também com nosso compromisso voluntário de emissões de gases de efeito estufa”, explicou.
O diretor da Rede ILPF também relatou brevemente as principais mudanças da agropecuária brasileira nos últimos 40 anos: transformação de solos ácidos e pobres em solos férteis; tropicalização de sistemas de produção e desenvolvimento de uma plataforma de práticas sustentáveis e políticas públicas. “Como consequência desse trabalho orquestrado pela Embrapa em nível nacional em parceria com as instituições estaduais de pesquisa e ensino, a produção de alimentos cresceu cerca de 400% e a produtividade, 200%, poupando-se 250 milhões de hectares. Atualmente cerca de 66% do nosso território é de vegetação nativa e 30% é formado por pastagens, lavouras e florestas plantadas. Precisamos melhorar no quesito recuperação de pastagens degradadas, o que a ILPF tem papel fundamental”, finalizou.
A Associação Rede ILPF é uma entidade privada, sem fins lucrativos e independente, formada a partir de uma parceria público-privada e tem o objetivo de acelerar a ampla adoção das tecnologias de ILPF por produtores rurais para a intensificação sustentável da agricultura brasileira.
O produtor Luciano Muniz, que também é professor da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, explicou que implantou há três anos uma Unidade de Referência Tecnológica – URT de ILPF em sua propriedade em Pindaré-Mirim-MA. “Na URT, testamos alguns componentes florestais, como babaçu e sabiá (nativos) e eucalipto (exótico). Estamos colaborando com essa experiência mostrando que a ILPF permite diversificar a produção com receita de três atividades produtivas ao mesmo tempo e ainda recuperar as pastagens degradadas e diminuir as emissões de gás carbono, o que faz da ILPF uma tecnologia de baixo carbono”, opinou o produtor. A UEMA é parceira da Embrapa Cocais nas pesquisas sobre ILPF no Maranhão.
O evento foi uma articulação da Embrapa Cocais, unidade da Embrapa no Maranhão, e tem coordenação das seguintes instituições, por país participante: Brasil – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/Embrapa Cocais, Associação Rede ILPF e Gintegra; Argentina – Rede Argentina de Ciência e Tecnologia Florestal – Conicet; Chile – Instituto de Ciências Agroalimentares, Animais e Ambientais – Universidade de O’Higgins; Colômbia – Centro de Pesquisa em Sistemas Sustentáveis de Produção Agropecuária; Cuba – Estação Experimental de Pastos e Forragens Indio Hatuey; México – Rede Temática de Sistemas Agroflorestales de México; Paraguai – Faculdade de Ciências Agrárias – Universidade Nacional de Assunção; Uruguai – Polo Agroflorestal – Casa da Universidade de Cerro Largo – Universidade da República e Rede Global de Sistemas Agrossilvipastoris.
Confira as apresentações de cada país:
Brasil – https://www.youtube.com/watch?v=DPSdWq2BTek&list=PLoelF-OuDCfGoj5P08oHEaYi7h7tSFcZ4&index=9&t=0s
Colômbia – https://www.youtube.com/watch?v=0e-7HJnfG0A&list=PLoelF-OuDCfGoj5P08oHEaYi7h7tSFcZ4&index=8&t=0s
Argentina – https://www.youtube.com/watch?v=c6L34JyR55Q&list=PLoelF-OuDCfGoj5P08oHEaYi7h7tSFcZ4&index=7&t=0s
Paraguai – https://www.youtube.com/watch?v=yT977R_No4Q&list=PLoelF-OuDCfGoj5P08oHEaYi7h7tSFcZ4&index=6&t=0s
Uruguai – https://www.youtube.com/watch?v=Y2d3MfrkwMs&list=PLoelF-OuDCfGoj5P08oHEaYi7h7tSFcZ4&index=5&t=0s
México – https://www.youtube.com/watch?v=OVO6gZkhKKo&list=PLoelF-OuDCfGoj5P08oHEaYi7h7tSFcZ4&index=4&t=0s
Chile – https://www.youtube.com/watch?v=iHoTS_N2Jbc&list=PLoelF-OuDCfGoj5P08oHEaYi7h7tSFcZ4&index=3&t=0s
Cuba – https://www.youtube.com/watch?v=tIGVBZG9-Bs&list=PLoelF-OuDCfGoj5P08oHEaYi7h7tSFcZ4&index=2&t=0s
Flávia Bessa (MTb 4469/DF)
Embrapa Cocais
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