Qual forrageira escolher para a composição do sistema ILPF? A dúvida, comum a um grande número de produtores, foi tema de palestra apresentada pelo pesquisador José Alexandre Agiova, da Embrapa Gado de Corte, durante o seminário “O sistema ILPF com foco no componente florestal e no meio ambiente”, durante a 12ª Semana de Integração Tecnológica, realizada pela Embrapa Milho e Sorgo.
Segundo ele, os critérios de escolha da forrageira devem levar em consideração aspectos como aptidão ao solo e ao clima; sistema de produção adotado e a finalidade da pastagem levando em consideração a exigência dos animais e ocorrência de pragas, doenças e plantas daninhas; compatibilidade da forrageira com o sistema de produção; infraestrutura da propriedade e mão de obra disponível; e, por fim, manejo utilizado e a adubação que será ofertada.
Agiova é enfático ao afirmar que a distribuição de chuvas determina a escolha da cultivar, lembrando as vantagens que os sistemas integrados oferecem, como a menor incidência de plantas invasoras pelo fato de o solo estar coberto. “Os maiores benefícios desses sistemas são a produção de forragem verde para o período de seca; o aumento da lucratividade geral da fazenda; mais sustentabilidade e a diminuição do risco associado à atividade agropecuária”, resume.
Conforto animal e Carne Carbono Neutro
O conforto animal proporcionado pelo sombreamento das árvores no sistema ILPF foi debatido pelo pesquisador Alexandre Rossetto Garcia, da Embrapa Pecuária Sudeste. “Quando o animal entra em uma situação de estresse térmico, aumenta em seu organismo a descarga do hormônio cortisol. Dessa forma, aumenta também os mecanismos de troca de calor, seja por ofegação ou sudorese, o que aumenta a perda de água. Como consequência, esse animal terá que saciar sua sede, provocando nele um aumento de saciedade e redução de ganho de peso”, explica Rossetto.
De acordo com o pesquisador, os impactos do ambiente na produção de carne e leite e o bem-estar animal têm despertado recente interesse tanto no setor produtivo quanto nos consumidores. “As perdas produtivas na indústria leiteira provocadas pelo estresse térmico são estimadas entre US$ 900 e US$ 1.500 milhões anuais”, mostra. Ainda segundo ele o deslocamento da produção para as regiões Centro-Oeste e Norte do País tem demandado tecnologias mais eficientes para facilitar a termorregulação de animais expostos a altas temperaturas.
Outros efeitos relacionados às alterações comportamentais ligadas ao estresse térmico, além da diminuição da ingestão de alimentos e do aumento no consumo de água, são o crescimento no tempo de repouso e a busca de sombra. Entre as estratégias para reduzir esse tipo de estresse, o sombreamento proporcionado pelos sistemas silvipastoris, como o ILPF, reduzem em até 3 °C a temperatura, “ofertando maior conforto animal e maiores índices produtivos”. “O sombreamento permite elevar as taxas produtivas e reprodutivas dos rebanhos”, conclui o pesquisador.
Por fim, conceitos como a Carne Carbono Neutro (CCN), desenvolvido pela Embrapa em parceria com outras instituições, foram abordados pelo pesquisador Rodrigo Gomes, da Embrapa Gado de Corte. Esse conceito visa atestar a carne bovina produzida em sistemas de integração do tipo silvipastoril (pecuária-floresta) ou agrossilvipastoril (lavoura-pecuária-floresta), por meio de uso de protocolos específicos que possibilitam o processo de certificação. Seu principal objetivo é garantir que os animais que deram origem ao produto tiveram as emissões de metano compensadas durante o processo de produção pelo crescimento de árvores no sistema. Além disso, garantir, pela presença de sombra, que os animais estavam em ambiente termicamente confortável, com alto grau de bem-estar, preceitos que fortalecem a marca e que estão intimamente ligados ao marco referencial da ILPF.