Gustavo Spadotti apresentou resultados dos estudos sobre atribuição, uso e ocupação das terras no Brasil
O analista Gustavo Spadotti, da Embrapa Territorial, esclareceu, no 2º webinar da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram), no dia 27 de agosto, alguns mitos e verdades do agro. Ele apontou quais dessas afirmações: O Brasil é o celeiro do mundo; Brasil só transporta por rodovias; No Brasil há equilíbrio entre produzir e preservar; O agro está destruindo a Amazônia, são verdadeiras ou mitos.
Dos temas abordados, o único verdadeiro é o equilíbrio entre produção e preservação. Para justificar a resposta, Spadotti apresentou resultados dos estudos sobre atribuição, uso e ocupação das terras no Brasil. Ele ressaltou o papel do agricultor no processo de proteção ambiental, em que 219 milhões de hectares são destinados à preservação nas propriedades rurais.
“Dentro dos imóveis rurais, em média, 48% da área são destinadas à preservação da vegetação nativa. Ou seja, 26% do território brasileiro são preservados pelos produtores. Somando com os 30% das áreas protegidas por lei, em unidades de conservação e terras indígenas, e as áreas devolutas, o total é de 66% do território brasileiro destinados à proteção ao meio ambiente”, declarou.
Para demonstrar o esforço financeiro dos produtores, Spadotti ainda citou resultados dos estudos de valoração da área preservada pela categoria. São cerca de 3 trilhões de reais de patrimônio fundiário imobilizado na preservação ambiental. Se os produtores utilizassem a área preservada para cultivo, de milho, por exemplo, o ganho anual seria de quase R$ 20 bilhões.
Na opinião do supervisor, o País precisa vencer a “batalha da comunicação” e transmitir para todo o mundo a mensagem de que no Brasil, produção e preservação andam de mãos dadas. “Para vencer essa batalha, precisamos de três coisas. Perícia, que é mostrar as boas práticas que realizamos. As armas, que são as entidades de classe. E a munição são os dados da Embrapa Territorial, disponíveis para embasar as argumentações sobre o tema”, afirmou.
Mitos
O Brasil não é o celeiro do mundo, mas é um grande “player”. Nos últimos 40 anos, o País transformou a agricultura tropical e obteve aumento de produtividade. “Se continuássemos com o nível de tecnologia dos anos 70, precisaríamos de mais de 130 milhões de hectares para nossa produção atual. Somos competitivos por causa da tecnologia e utilizamos apenas 7,8% do nosso território para produção de alimentos de origem vegetal”, destacou Spadotti.
Ele explicou que o aumento da produção agrícola pode seguir três caminhos: pela expansão das áreas cultivadas, pela intensificação do uso da terra, com sistemas de produção integrados, como ILPF (Integração Lavoura, Pecuária e Floresta) e pelo aumento da produtividade. Para garantir a competividade “pós-porteira”, Gustavo disse que é fundamental o país investir em logística para o escoamento de cargas.
Apesar da maior parte das cargas agrícolas (60%) escoarem por rodovias, é mito afirmar que o Brasil só transporta por este modal. Spadotti citou resultados de duas pesquisas, uma realizada pela Empresa de Pesquisa e Logística (ELP) e outra pela Embrapa Territorial em parceria com a Empresa Macrologística. Em alguns portos, de acordo com a última pesquisa, grande parte das cargas chega por ferrovias e hidrovias. Segundo Spadotti, a integração entre os modais é uma melhoria de custos de escoamento das cargas, que, consequentemente, reflete nas atividades do produtor.
Com o intuito de comprovar que é mito a afirmação de que o agro está destruindo a Amazônia, Spadotti mostrou gráficos com os índices de desmatamentos, expansão da pecuária e produção de soja. Também apresentou resultados de estudos que apontam a preservação de 86,2% do bioma. Ele defendeu a necessidade de gerir melhor as áreas já antropizadas, levando tecnologias para os produtores, e a elaboração de um plano para a Amazônia.
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Liliane Castelões (MTb 16.613/RJ)
Embrapa Territorial
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