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ZARC do consórcio milho-braquiária para o DF e Entorno é validado na Embrapa Cerrados – 09/12/2019

Fernando Macena explicou o funcionamento do ZARC para os participantes da reunião técnica

Em reunião técnica realizada na Embrapa Cerrados (DF) no dia 4 de dezembro, cerca de 30 pesquisadores, técnicos, extensionistas, produtores rurais e representantes de cooperativas discutiram a validação do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para o consórcio milho-braquiária para o Distrito Federal e Entorno.

Ferramenta tecnológica de análise de risco que considera a variabilidade climática, as características do solo e as características ecofisiológicas da cultura, o ZARC permite quantificar o risco para cada época de semeadura e para cada local, indicando a época mais adequada de plantio, além de contribuir para o aumento da produção e da produtividade agrícola, bem como para a racionalização do crédito agrícola, a redução de perdas, a proteção do solo e do meio ambiente.

Adotada como política pública desde 1996, a metodologia foi desenvolvida pela Embrapa, envolvendo atualmente 25 unidades de pesquisa e mais de 100 pesquisadores no aprimoramento e na atualização do ZARC para mais de 40 culturas, com alcance de 24 Unidades da Federação. As recomendações geram portarias pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), permitindo o acesso ao Proagro, ao Proagro Mais e à subvenção federal ao prêmio do seguro rural.

“O ZARC é resultado da antiga batalha do setor produtivo para reduzir o risco da atividade agrícola, e que só é possível com a interação entre os setores público e privado”, comentou o pesquisador Fernando Macena, acrescentando que uma das metas prioritárias do Programa Agir – Agro Gestão Integrada de Riscos (ProAgir), recém-lançado pelo MAPA, é a ampliação e o contínuo aprimoramento do método.

Metodologia

Ao apresentar a metodologia utilizada no ZARC para o consórcio milho-braquiária, Macena destacou a complexidade desse sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), que pode ser implantado de diversas formas e com diferentes objetivos. “É difícil contemplar essa dinâmica. Há produtores que aplicam herbicida (para dessecar a braquiária), outros querem fazer pastagem. Por isso é complexo elaborar o ZARC para esse consórcio”, afirmou. 

Dos quase 15 milhões de hectares de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Brasil, de acordo com o Censo Agropecuário 2017 do IBGE, 83% representam sistemas de ILP como o consórcio milho-braquiária, que proporcionam diversos benefícios econômicos, como aumento da produção de grãos, carne e leite; sociais, como a geração de empregos; e ambientais, como a mitigação de gases efeito estufa, sequestro de carbono e a redução da pressão para a abertura de novas áreas.

Uma particularidade do consórcio é que ele consome mais água da chuva que a cultura solteira do milho, encurtando a janela de plantio. “Por outro lado, a braquiária, que não sofre tanto com os veranicos, prepara um perfil maior de exploração do solo, proporcionando mais água ao sistema. A planta que limita o sistema é o milho”, explicou o pesquisador.

O ZARC para o consórcio milho-braquiária visa à indicação de datas ou períodos mais adequados de semeadura do milho consorciado com a braquiária por município, considerando a característica do clima, o tipo de solo e o ciclo da cultivar, de modo a evitar que adversidades climáticas coincidam com as fases mais sensíveis das culturas, minimizando perdas agrícolas.

São utilizados como parâmetros de entrada dados sobre clima (chuvas, evapotranspiração de referência, temperatura mínima a cada período de 10 dias), solo (profundidade efetiva do sistema radicular e capacidade de armazenamento de água) e da cultura do milho (ciclo, fases da planta, coeficiente de cultura para consumo de água e profundidade do sistema radicular). Esses parâmetros geram o Índice de Satisfação de Necessidade de Água (ISNA) para as fases críticas da cultura, que no caso do milho são a de plantio/emergência e de florescimento e frutificação. 

Para a indicação das datas de plantio em decêndios (períodos de 10 dias), a metodologia leva em conta o ciclo da cultura (precoce, médio ou tardio) e classifica os solos de acordo com a textura – arenosa (teor de argila entre 10% e 15% e baixa capacidade de retenção de água), média (15% a 35% de argila e média capacidade de retenção de água) ou argilosa (35% ou mais de argila e alta capacidade de retenção de água). 
Essas informações baseiam os mapas do ZARC, que apontam o risco climático do plantio/semeadura a cada decêndio nas diferentes regiões do País. O risco pode variar de 80% (oito anos de sucesso do plantio a cada 10 anos), 70% (sete anos de sucesso a cada 10 anos) ou 60% (seis anos de sucesso a cada 10 anos). “Não dizemos que o produtor não pode plantar fora dessas datas, estamos falando dos riscos”, esclareceu Macena.

O pesquisador demonstrou o uso da ferramenta simulando os riscos de plantio do milho safra e safrinha em consórcio com a braquiária em diferentes decêndios, considerando alguns ciclos (precoce e médio) e tipos de solos (médio e argiloso). Ele explicou que as séries de decêndios são atualizadas visando contemplar veranicos e eventos climáticos adversos como os fenômenos El Niño e La Niña, que produzem diferentes efeitos de acordo com a região do Brasil.

Aplicativo

A pesquisadora Alexsandra Duarte apresentou o aplicativo móvel ZARC – Plantio Certo, disponível na loja de aplicativos da Embrapa. Entre outras informações, o aplicativo fornece as épocas “ideais” para o plantio de 43 culturas (por município, ciclo da planta e tipo de solo), a cultivar mais apropriada para determinado propósito (em 12 culturas) e as condições climáticas antes e durante a safra.

Alexsandra destacou que as informações do aplicativo são simples e palatáveis para facilitar a decisão do produtor. “A ideia é que seja um insumo tecnológico, servindo de orientação no momento de decidir qual pacote (tecnológico) utilizar”, disse. A pesquisadora demonstrou o uso do ZARC Plantio Certo com o plantio do milho em Brasília (DF), apontando as diversas variáveis informadas.

Ao final da reunião técnica, os participantes relataram por escrito a situação dos riscos de plantio do consórcio milho-braquiária estipulados para a região, apontando possíveis ressalvas ao ZARC proposto. 

As informações servirão de base para um relatório que será elaborado pelos pesquisadores da área de agroclimatologia da Embrapa Cerrados e encaminhado ao Comitê Gestor do Zoneamento Agrícola de Risco Climático da Embrapa. O comitê fornecerá as informações ao MAPA para que seja publicada uma portaria disciplinando o ZARC para o consórcio milho-braquiária para o Distrito Federal e Entorno.

Como ação de continuidade, no dia 16 de dezembro, a Embrapa Cerrados realizará a reunião técnica de validação do consórcio milho-braquiária para o Oeste da Bahia em Luís Eduardo Magalhães (BA).
 

Foto: Breno Lobato
Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados

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