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Fazenda Certeza | Querência – MT – Setembro/2017

A aquisição de novas terras e o investimento em ILF com seringueira, são ganhos obtidos com a integração na Fazenda Certeza

Foi pensando na diversificação da produção e na maior geração de renda da Fazenda Certeza, localizada no município de Querência (MT), que o produtor Neuri Winck aceitou o desafio do pesquisador da Embrapa Flávio Wruck de implantar o sistema de integração lavoura-pecuária.

Na safra 2007/2008 uma área de 110 ha foi divida em cinco parcelas para dar início a um sistema de ILP em uma das primeiras Unidades de Referência Tecnológica de ILPF no estado.

Desde o início o objetivo era destinar sempre três parcelas, ou 60% da área, à agricultura e o restante à pecuária em cada ano. A rotação seria feita de forma com que cada parcela recebesse lavoura durante três anos e pastagem em outros dois anos.

Na agricultura a rotação contou com o plantio de soja e arroz na safra e na safrinha consórcios girassol com ruziziensis, milheto com ruziensis ou de milho com braquiárias ruziziensis ou Piatã. A braquiária Piatã era usada no terceiro ano de agricultura das parcelas, ficando como forrageira para o gado nos dois anos seguintes. Ao fim do segundo ano, o capim era dessecado e reiniciava-se o ciclo.

Na pecuária, Neuri conseguiu aumentar o número de unidades animal por hectare em um sistema de recria com a terminação em confinamento. Os grãos e a silagem colhidas na área da ILP  eram usados na nutrição dos animais.

“Hoje estamos muito felizes com os resultados em relação a estruturação do solo, sistema físico, químico do solo. A estruturação que esse sistema propicia é muito positiva e é o que se está mostrando com muito mais vantagem em relação ao processos normais de monocultura, soja e milho”, avalia Neuri Wink.

A diversificação dos produtos e das fontes de renda da fazenda também são benefícios enumerados pelo produtor.

“É bem gratificante em todos os sentidos, por que operacionaliza a mão-de-obra. Ele te dá uma diversificação de renda pra fazenda, não dependendo só de soja ou só de milho ou só do milho safrinha. Você tem a produção de proteína carne, e também faz com que você otimiza o que você produz na fazenda, no caso milho safrinha ou a própria silagem. Enfim, eu acho que é recomendado de todos os sentidos de forma positiva”, ressalta.

Pausa na ILP

Para aproveitar uma oportunidade de negócio e adquirir uma propriedade vizinha Neuri, optou pela venda de todo o gado. O dinheiro levantado custeou o investimento nas novas terras, o preparo da área para o plantio e a aquisição de maquinário. Com isso, deixou momentaneamente de fazer a integração lavoura-pecuária. Porém, já faz planos para retomar o sistema integrado em até dois anos.

“Com certeza quando nós retornarmos nós vamos fazer com mais força, com mais ênfase em ralação ao que nós vínhamos fazendo antes. Dá pra tranquilamente reservar uns 30% da área para a ILP”, projeta Neuri Wink.

Referência na região

Como uma Unidade de Referência Tecnológica, a Fazenda Certeza tinha não só o papel de ser pioneira e testar um sistema produtivo como o de transferir a tecnologia para outros produtores da região. Por cerca de seis anos as porteiras foram abertas para dias de campos, realizados duas vezes ao ano, para mostrar aos agricultores da região o comportamento e os resultados da ILP tanto na safra quanto no período de seca.

Com isso, a Fazenda Certeza serviu de exemplo para grandes, médios e pequenos produtores da região. Muitos hoje adotam a integração lavoura-pecuária após terem acompanhado a experiência de sr. Neuri.

“Foi muito gratificante e está sendo muito mais gratificante agora, porque a gente tem conhecimentos de vizinhos, de pessoas na região, de grupos grandes e também alguns médios e pequenos produtores realizando um bom trabalho nesse sentido e fazendo disso uma boa renda nas suas propriedades”, afirma.

Integração lavoura-floresta

No ano de 2009, já trabalhando com os sistemas integrados, Neuri viu a oportunidade de realizar um sonho antigo, que era cultivar seringueira. Motivado pelos altos preços alcançados pelo látex historicamente, decidiu plantar a árvore em uma área inicial de 10 hectares.

Para minimizar os custos de implantação, planejou a área de forma a conseguir fazer agricultura entre as linhas de árvores enquanto elas cresciam.

Espaçou as linhas em oito metros, de modo a permitir uma passagem da plantadeira de 14 linhas. Adaptou um pulverizador para essa distância, de modo a fazer uma passada por corredor, permitindo o manejo de pragas, doenças e de plantas daninhas.

Ao ver que a colheitadeira só colheria 12 linhas, Neuri optou por colocar semente somente nas 12 linhas centrais e manter somente o adubo nas linhas externas, deixando o nutriente para uso das árvores.

“Desta forma que nós fizemos ficou prático, ficou fácil de manter limpo e nós ainda recuperamos 60% do nosso custo de implantação das seringueiras com o rendimento da produção e com o lucro da produção de soja nas entre linhas da seringa nos primeiros quatro anos”, explica Neuri, que deixou de plantar a soja na área no quarto ano, quando a sombra passou a inviabilizar a produção.

Hoje as seringueiras já poderiam estar sendo sangradas. Porém, diante da queda acentuada no preço do látex, Neuri preferiu não iniciar a produção e aguarda um melhor cenário.

Para ele, a seringueira além de ser uma nova fonte de renda, será uma forma de gerar mais empregos na propriedade.

“Quero crer que a amanhã ou depois ela já vai ser um bom negócio, daí a gente já vai estar apto para usufruir desse novo momento. Eu penso que dessa forma eu estou contribuindo dando oportunidade pra mais pessoas terem um ganho razoavelmente bom”, afirma o produtor que também quer servir de exemplo para outros agricultores que possam se interessar pela seringueira.

“Com o passar do tempo, espero que mais gente se desperte e copie essa forma. Se for um produtor com a estrutura de agricultura, fica até mais fácil por que os primeiro quatro anos pode até cultivar ao meio desse processo e recuperar pelo menos 60% do investimento necessário”, afirma Neuri Wink.

 

Texto e fotos:

Gabriel Faria (mtb 15.624 MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br
66 3211-4227

Colaboração: Vanessa Kienen

 

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