Quando o Grupo Volp adquiriu a fazenda Estrela do Araguaia, seus gestores já sabiam que as condições da região no município de Montes Claros de Goiás (GO) eram bem diferentes daquelas de Itaberaí (GO), onde possuem outra propriedade.
A baixa altitude, o solo arenoso, a irregularidade das chuvas e o calor do Vale do Araguaia demandariam aprendizado para viabilizar uma boa produção agrícola. No primeiro ano, a lavoura de soja ficou com estande baixo e muitas plantas morreram.
A alta temperatura do solo foi um dos principais fatores, sendo responsável por cozinhar as sementes em alguns casos. Foi então que o agrônomo responsável do grupo, Ayrton Silva Volp Júnior, começou a pesquisar sobre como melhorar a cobertura do solo. “Ouvia falar que era a palhada que podia nos ajudar. Pesquisando, vimos que as vantagens da integração lavoura-pecuária vão muito além da palhada. Tem a ciclagem de nutrientes, a possibilidade de fazer uma safrinha de gado. Torna a área mais rentável”, conta Ayrton Volp Júnior.
Na safra 2022/2023, pela primeira vez o grupo trabalhou com a integração lavoura-pecuária. Em cerca de 1.300 ha foi plantada soja na safra e capim na safrinha. Já em torno de 700 há foram cultivados com o consórcio de milho com braquiária visando a produção de silagem. Esta experiência desafiou o consenso na região de que milho não produzia ali devido à baixa altitude (300m) e às altas temperaturas.
Para garantir uma boa produção, a fazenda apostou em uma adubação nitrogenada mais forte no momento inicial da cultura. O crescimento do capim precisou ser controlado com herbicida para evitar a maior competição com o grão. A produção de silagem satisfez a expectativa, com volume mais do que suficiente para alimentar 10.000 bovinos em confinamento, em duas rodadas com 5 mil animais cada uma.
Além disso, reduzirá o custo de produção, uma vez que no ano anterior foi necessário buscar silagem a 200 km de distância. As forrageiras utilizadas no consórcio e na segunda safra nas áreas de soja foram as braquiárias ruziziensis e a BRS Zuri. O primeiro ano serviu de testes, uma vez que foram feitas três formas diferentes de semeadura do capim: semeadura na mesma linha do milho, na entrelinha e à lanço.
A semeadura na entrelinha se mostrou a melhor opção e a taxa de semeadura ainda precisa ser ajustada. “Estávamos acostumados com uma região com 800m de altitude, chuvas mais regulares e a gente veio para uma área baixa. A região aqui é excelente, estamos contentes aqui. Mas estamos aprendendo. Apanhamos um pouco e pretendemos apanhar menos agora nos próximos anos e, pelo que estamos vendo, vamos ter sucesso aqui”, prevê Ayrton. Para ele, o sucesso em uma região em que as chuvas são irregulares, com volume médio de 1.500m ao ano, as temperaturas são altas o ano todo e o solo varia entre 25% a 8% de argila, passa necessariamente pela integração lavoura-pecuária. “Depois dessa agregação da ILP, temos a intenção de ter uma média de soja acima de 70 sacos”, prevê.
Além da agricultura, a fazenda trabalha com a pecuária de corte com recria a pasto e terminação em confinamento. São utilizados animais com boa genética, das raças nelore, Aberdeen Angus e Brangus (Aberdeen Angus x Brahman). Cerca de 1.000 ha atualmente são de pastagens que ainda não entraram na integração lavoura-pecuária. A fazenda ainda possui Cerca de 1.600 ha preservados com vegetação nativa.
Quando adquirida pelo grupo Volp, a fazenda Estrela do Araguaia contava com pastagens em processo de degradação. Atualmente é uma das integrantes do projeto Reverte, desenvolvido pela Syngenta em parceria com a The Nature Conservancy (TNC), visando recuperar pastagens degradadas convertendo-as em áreas produtivas.
Caravana ILPF A Fazenda Estrela do Araguaia foi um dos destinos da Caravana ILPF – Etapa Vale do Araguaia, realizada pela Rede ILPF em maio de 2023. A propriedade recebeu uma visita técnica da qual participaram representantes das associadas da Rede ILPF e alguns convidados.
Gabriel Faria (MTB 15.624 MG) Jornalista Embrapa Agrossilvipastoril agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br