O produtor que optar por usar alguma modalidade de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) em sua propriedade tem à sua disposição uma variedade de estratégias para alcançar os objetivos que almeja. Algumas das alternativas possíveis serão discutidas na programação do próximo sábado, dia 28, do 10º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária, promovido pela Embrapa Agrossilvipastoril.
Nesse ano, devido à pandemia, o evento será realizado on-line, com transmissão pelo canal da Embrapa no Youtube, a partir das 8h30, horário de Brasília, 7h30 em Mato Grosso. Para distribuir melhor a programação, o dia de campo foi dividido em duas partes. A segunda, com foco em consórcios forrageiros e qualidade do solo, será no sábado seguinte, dia 5 de dezembro.
As inscrições antecipadas podem ser feitas pelo site da Embrapa Agrossilvipastoril (www.embrapa.br/agrossilvipastoril).
A programação desta primeira parte do dia de campo será toda focada em resultados de pesquisas realizadas pela Embrapa Agrossilvipastoril, em Mato Grosso. As informações podem servir como referência para que os produtores tomem suas decisões em suas propriedades.
“Até quando fazer lavoura dentro da ILPF é sempre questionado e teremos uma discussão sobre isso. Destaco também resultados sobre o ótimo desempenho da pecuária de corte em sistemas ILPF. Voltado para agricultura familiar, a discussão do SAF, com apresentação de resultados econômicos, associado a importância de um manejo do sistema deverá chamar bastante atenção”, destaca Flávio Wruck, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril e coordenador do evento.
O dia de campo contará com dois blocos de apresentações, com espaço para interação e resposta às perguntas feitas no chat pelos participantes.
Até quando vale a pena produzir grãos em sistemas ILPF?
Enquanto nos sistemas ILP a agricultura tem papel central, dividindo as atenções com a pecuária conforme interesse do produtor e o planejamento da fazenda, nos sistemas com presença de árvores, a lavoura é vista como inviável após certo sombreamento da área.
Durante o dia de campo, entretanto, o pesquisador Ciro Magalhães mostrará que a lavoura pode sim retornar ao sistema mesmo após o crescimento das árvores. Com manejo de copa, fazendo podas e desramas, além da adequação da população de plantas, é possível produzir grãos com a mesma produtividade de áreas não sombreadas.
Comprovada pela pesquisa, essa possibilidade permite ao produtor mudar de estratégia ao longo do tempo, destinando parte da área de silvipastoril para a agricultura, fazendo uma rotação de culturas, quebrando ciclo de pragas e doenças e ainda podendo se adequar ao mercado momentâneo.
“Esses resultados possibilitam mudanças na gestão da propriedade. Se o produtor está querendo desacelerar a pecuária, por exemplo, ele pode fazer o desbaste e modificar um pouco as proporções das atividades. Ele pode ajustar o planejamento e aumentar a área de lavoura em determinado ano”, adianta o pesquisador Ciro Magalhães, que falará mais sobre essa estratégia durante o evento.
Benefícios dos sistemas integrados para a pecuária de corte
Quando feita em sistemas integrados, a pecuária se beneficia de uma melhor pastagem. O fertilizante que não é aproveitado pela lavoura, é usado pelo capim, cujas raízes alcançam maiores profundidades no perfil do solo, gerando forragem em abundância e de melhor qualidade para o gado. O reflexo imediato é o maior ganho de peso dos animais.
O desempenho animal se mostra ainda melhor quando aliado ao conforto térmico, por meio do acesso à sombra disponibilizado por árvores em um sistema silvipastoril.
Os números dessa melhoria de desempenho, em novilhos nelore, serão apresentados pelo pesquisador Bruno Pedreira, que durante três anos acompanhou a produção de forragem e o ganho de peso dos animais em diferentes sistemas produtivos.
Plantar ou não plantar árvores em sistemas ILPF?
As árvores são os integrantes que geram maior receio por parte dos produtores quando se fala em sistemas ILPF. O retorno a longo prazo, a maior complexidade de manejo e o desconhecimento silvicultural são fatores que limitam o uso. Esses e outros desafios serão apresentados pelo pesquisador Maurel Behling, que também mostrará os benefícios do componente arbóreo no sistema, como a melhoria do conforto térmico para animais, proteção contra vento, manutenção da umidade, ciclagem de nutrientes, potencial econômico, entre outros.
Sistemas agroflorestais
Fechando a programação da primeira parte do dia de campo, o analista e engenheiro florestal Diego Antonio falará sobre outra modalidade de sistemas integrados de produção agropecuária, os sistemas agroflorestais (SAF). Ele abordará o manejo integrado do sistema, resultados sociais, ambientais e econômicos. Os SAF são uma alternativa produtiva com grande potencial para adoção pela agricultura familiar, gerando diversidade de produção e de receita.
Parceria
O 10º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária é realizado pela Embrapa Agrossilvipastoril e conta com patrocínio da Unipasto e do Vida Rural MT. O evento conta também com apoio da Acrimat, Acrinorte, Bioma, Empaer, Flora Sinop, Grupo de Estudos em Pecuária Integrada (Gepi), Imea, Laboratório Solos e Plantas, Rede ILPF, Senar-MT, Prefeitura Municipal de Sinop e UFMT.
Foto: Gabriel Faria
Gabriel Faria (mtb 15.624 MG)
Embrapa Agrossilvipastoril
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