Recrudescimento do protecionismo e obrigações regulatórias impactam inovação no agro
A Embrapa esteve representada pela Diretoria Executiva de Inovação e Tecnologia (DE-IT) em evento internacional que reuniu representantes da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e do European Risk Forum (ERF) para discutir o desafio da inovação e da sustentabilidade no agronegócio. O webinar foi promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), em parceria com a Basf nesta terça-feira, 8/12.
Na abertura, o representante do núcleo do Agro do Cebri, Luiz Fernando Furlan, lembrou a pujança do agronegócio brasileiro, destacando que mesmo durante a pandemia o setor registrou superávit na balança comercial. Por outro lado, Furlan focalizou o recrudescimento do protecionismo num cenário em que países como Rússia, Arábia Saudita e China investem em segurança alimentar e na não dependência de importações, bem como na criação de estoques regulatórios para evitar desabastecimento. Segundo alertou, o contexto torna relevantes fatores como rastreabilidade e bem-estar animal.
“Temos dois grandes desafios: o novo ciclo de inovações e a questão da sustentabilidade que, no Brasil, devem andar mais juntos ainda”, disse o mediador do debate Marcos Jank (Cebri e Insper) – também numa referência aos movimentos protecionistas de mercados internacionais. Jank igualmente destacou o histórico domínio do País em tecnologias tropicais, citando a revolução do processo de produção com a introdução das duas safras anuais, além do plantio direto, da Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) e da agricultura de baixo carbono, remetendo à atuação da Embrapa.
Já diretora de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Adriana Regina Martin, reforçou o empenho da instituição em se manter no protagonismo do desenvolvimento de modelos competitivos da agricultura nacional por meio do investimento em parcerias com o setor privado e aproximação com startups. Agricultura digital e rastreabilidade, além do investimento em bioeconomia, segurança alimentar e nutricional e o desenvolvimento territorial sustentável são prioridades da PD&I que constam do Plano de Desenvolvimento Estratégico da empresa, apresentadas pela gestora como aderentes à agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, os ODSs.
Martin destaca a importância de a Embrapa estar presente em fóruns internacionais, onde possa apresentar os avanços que a empresa tem gerado em pesquisa e inovação e esforços na conciliação dos três pilares da sustentabilidade, o social, o econômico e o ambiental.
Inovação e Precaução
O membro do European Risk Forum (ERF), Paul Leonard, também fez referência à importância do atendimento aos ODSs. Convidado a falar sobre a importância do aprimoramento e modernização da regulação, levou a temática dos princípios da inovação e da precaução para o debate da sustentabilidade. O biólogo defendeu que os conceitos não são excludentes, mas complementares, quando se trata de aspectos inovadores, tecnológicos e sustentáveis.
Leonard concorda que o modelo regulatório adotado no Brasil pela CTNBio, em que a liberação de transgênicos é analisada caso a caso, seja o mais adequado no contexto de estímulo à inovação, “a questão não é a tecnologia, mas a sua aplicação”. No entanto, reconheceu que ainda há desafios no que diz respeito à adoção de tal compreensão pela União Europeia, a despeito de esforços em contrário mantidos por organizações do setor produtivo, em especial, como apontou.
Para a Superintendente de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra, “o produtor impacta, não é apenas impactado pelas inovações”. A advogada argumentou que no contexto brasileiro é necessário observar tanto o segmento que já adota como também os pequenos e médios produtores que, para adotar novas tecnologias, precisam se livrar de obrigações regulatórias nacionais e internacionais – que às vezes se sobrepõem, impactando negativamente no preço final do produto junto ao consumidor, disse Dutra, defendendo uma regulação padronizada pelos Países.
40 anos da Abipti
Também na terça-feira (8), a diretora executiva da DE-IT, Adriana Regina Martin, participou de um encontro virtual em comemoração aos 40 anos da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti), que reúne mais de 140 instituições com a missão de representar e promover a participação das entidades de PD&I no estabelecimento e na execução de políticas voltadas para o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Adriana integra a diretoria da Abipti, empossada em agosto deste ano no cargo de vice-presidente da região Centro-Oeste. Em 2020, a diretoria concentrou esforços nas regiões Norte e Sul, com agenda nas demais regiões prevista para 2021. “Sinto grande satisfação em compor a diretoria de duas instituições tão relevantes como a Embrapa e a Abipti, que têm fortalecido o ecossistema de inovação nacional”, comentou a gestora.
Acesse aqui a íntegra do debate promovido pelo Cebri.