Ao promover redução na necessidade do uso de insumos, com pastos bem manejados e o componente florestal, integração tem baixa emissão de gases de efeito estufa e elevado potencial para o sequestro de carbono
No encerramento da série de encontros “Diálogos pelo Clima”, iniciativa da Embrapa de caráter preparatório para a COP30, nesta quarta-feira (8), na capital paulista, painel que contou com a participação do presidente da Rede ILPF, Francisco Matturro, destacou o Sistema Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) como trunfo sustentável do agro brasileiro para a Conferência do Clima, que ocorre em Belém (PA), no próximo mês.
“A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta significa a emancipação do produtor. De que forma? Porque tem uma renda de curto prazo, que são as lavouras de grãos e cereais. Tem o gado no médio prazo e o componente florestal no longo prazo”, assinala costumeiramente Matturro.
A ILPF é uma estratégia de produção que combina diferentes sistemas produtivos: agrícolas, pecuários e florestais em uma mesma área, seja em consórcio, sucessão ou em rotação de culturas, gerando benefícios para todas as atividades. A prática intensifica de modo sustentável o uso da terra, protege e fertiliza o solo, promove a economia de insumos e consequente redução de custos, e simultaneamente eleva a produtividade em uma mesma área, diversificando produção e fontes de receita.
Ao mesmo tempo, o Sistema é ambientalmente correto, com pastos bem manejados e o componente florestal, tem baixa emissão de gases de efeito estufa e elevado potencial para o sequestro de carbono, o que torna a atividade mais resiliente às mudanças climáticas. “Cada árvore no Sistema ILPF sequestra mais de 100 toneladas de CO2 equivalente por ano”, salientou Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, que é associada da Rede ILPF.
Culturas agrícolas como grãos [soja e milho] e produção de fibras [algodão] podem ser utilizadas na ILPF. A modalidade pecuária contempla, sobretudo a bovinocultura de corte ou leite e a parte florestal envolve a silvicultura, com destaque, por exemplo, para o plantio de eucaliptos. Diferentemente do senso comum, a ILPF pode ser adaptada para pequenas, médias e grandes propriedades, em todos os biomas brasileiros.
“O Brasil tem 159 milhões de hectares de pastagens que podem ser convertidos em áreas de ILPF, ampliando ainda mais a área de produção agropecuária no País sem qualquer necessidade de novas aberturas”, ressaltou Matturro em sua exposição. Atualmente, a ILPF chega nacionalmente a cerca de 17,4 milhões de hectares, indicam números da Rede.
De acordo com Matturro, a COP será oportunidade singular para o agro brasileiro mostrar ao mundo as boas práticas que tradicionalmente já adota em larga escala, posicionando-se como parte da solução das mudanças climáticas. “Abre-se na Conferência uma janela global de reconhecimento para a sustentabilidade do agro brasileiro.”