Brasil tem 28 milhões de hectares de pastagens degradadas com potencial para expansão agrícola

Processos de conversão devem ocorrer com técnicas e práticas que favorecem a sustentabilidade, como sistemas de integração lavoura pecuária-floresta – Foto: Gabriel Faria

Estudo realizado pela Embrapa, publicado neste mês na revista internacional Land, indica a existência de aproximadamente 28 milhões de hectares de pastagens plantadas no Brasil com níveis de manipulação intermediários e severos que apresentam potencial para a implantação de culturas agrícolas. De acordo com o artigo, se considerar apenas o cultivo de grãos, esse montante representaria um aumento de cerca de 35% da área total plantada em relação à safra 2022/2023.

A representa um esforço para integração de diferentes bases de dados públicos e pode contribuir, com análises planejadas e deficiências, para orientar a tomada de decisão de setores das cadeias produtivas agrícolas e a elaboração de políticas para desenvolvimento sustentável, como o Plano de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (ABC+) e o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas, do Ministério da Agricultura e Pecuária.

De acordo com dados do Atlas das Pastagens, publicado pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG) da Universidade Federal de Goiás (UFG), uma das bases de dados utilizadas, as pastagens brasileiras cobrem aproximadamente 177 milhões de hectares, dos quais aproximadamente 40% apresentam médio vigor vegetativo e sinais de manipulação, enquanto 20% apresentam baixo vigor vegetativo, entendida como manipulação severa. São áreas que apresentam uma redução na capacidade de suporte à produção e na produtividade.

O trabalho conduzido pela Embrapa fez o cruzamento dessas informações a respeito da qualidade das pastagens com dados sobre a potencialidade agrícola natural das terras, produzida pelo IBGE. Foram considerados dois níveis de manipulação das pastagens, diversos e divertidos, e duas classes de potencialidade agrícola, boa e muito boa.

Como resultado, foram mapeados aproximadamente 10,5 milhões de hectares de pastagens com condição severa de manipulação e 17,5 milhões de hectares com condição dinâmica que apresentam potencial bom ou muito bom para a conversão para agricultura. Entre os estados que tiveram as maiores áreas, dentro destes parâmetros, estão o Mato Grosso (5,1 milhões de ha), Goiás (4,7 milhões de ha), Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de ha), Minas Gerais (4,0 milhões de ha) e o Pará (2,1 milhões de ha).

Nesta análise do potencial de expansão agrícola foram restauradas áreas consideradas especiais, como terras indígenas, unidades de conservação, assentamentos rurais e comunidades quilombolas, e também aquelas áreas indicadas pelo Ministério do Meio Ambiente como de alta prioridade para conservação da biodiversidade. “Buscamos mapear as possibilidades de expansão agrícola a partir de análises geoespaciais relacionadas a áreas que minimizam a pressão sobre os recursos naturais e sejam implantadas sob bases sustentáveis”, explica um dos autores do artigo, o pesquisador da Embrapa Agricultura Digital Édson Bolfe . O trabalho também contemplou dados sobre o acesso à infraestrutura rural e sobre o clima, com informações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) .

Os autores ressaltam que os processos de substituição da pastagem degradada por culturas agrícolas devem ocorrer em consonância com a legislação ambiental e a partir da aplicação de técnicas e práticas que favorecem a produtividade e a sustentabilidade, como por exemplo o plantio direto, sistemas de integração laboral-pecuária- floresta e agroflorestas. “A metodologia e as bases de informações geradas também podem orientar projetos para a própria recuperação e melhoria do vigor das pastagens já utilizadas para a pecuária”, destaca Edson Sano , pesquisador da Embrapa Cerrados que também assina o artigo.

O estudo “Potencial de expansão agrícola em pastagens degradadas no Brasil com base em bancos de dados geoespaciais” foi realizado por equipe multidisciplinar das Unidades Embrapa Agricultura Digital , Embrapa Cerrados e Embrapa Meio Ambiente , e recebeu o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal. Os resultados disponíveis no Redape – Repositório de Dados de Pesquisa da Embrapa e podem ser utilizados em análises para estados e municípios. Assinam o artigo Édson Bolfe , Daniel Victoria , Edson Sano , Gustavo Bayma , Silvia Massruhá e Aryeverton de Oliveira .

Infraestrutura e risco climático

Além de identificar e quantificar o potencial de conversão das pastagens para a agricultura, o estudo integra dados da infraestrutura rural já existente, como a presença de armazéns e o acesso a rodovias estaduais e federais num raio de 20 a 100 km. As análises mostram, por exemplo, que cerca de 54% das áreas de pastagem encontram-se a uma distância de até 20 km de armazéns e 89% delas de até 20 km de rodovias. “São informações adicionais que indicam as condições de infraestrutura fáceis para dar suporte à possível expansão agrícola e podem ajudar, por exemplo, priorizar ações e direcionar investimentos por parte de agentes públicos e privados”, avalia Édson Bolfe.

O estudo da Embrapa também recentemente as informações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) , que tem escala municipal e utiliza parâmetros de clima, solo e ciclos de cultivares para indicar qual cultura plantar, onde e quando. Adotado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária para orientar as políticas de crédito e segurança rural, o Zarc permite identificar as janelas de plantio em que há menor chance de frustração de safra devido a eventos climáticos adversos, cobrindo mais de 40 culturas agrícolas.

O artigo selecionou como exemplo três municípios: Guia Lopes da Laguna (MS), São Miguel Arcanjo (SP) e Ingaí (MG). Neles, o Zarc possibilitou identificar possibilidades de substituição da pastagem degradada por culturas anuais como feijão, arroz, sorgo, girassol, algodão, milho, soja, aveia, trigo, sistema integrado com milho e pasto, além de algumas culturas perenes. Os três municípios fazem parte do projeto Semear Digital, financiado pela Fapesp, que visa o desenvolvimento de ações para promover a agricultura digital entre pequenos e médios produtores rurais.

Segundo Bolfe, há espaço para evoluir na análise do potencial de expansão agrícola a partir das bases já organizadas, integrando bancos de dados regionais, validações de campo e informações sociais e de previsões econômicas e financeiras. “Em termos metodológicos, também é possível seguir aprimorando o mapeamento da qualidade das pastagens, integrando imagens de diferentes satélites e considerando as características das pastagens e sua capacidade de suporte, que varia em cada região do País”.

***Redação Portal Sou Agro

(Com Graziella Galinari (MTb 3863/PR)
Embrapa Agricultura Digital Embrapa)

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Participe do Concurso de Jornalismo 2024! As inscrições ficarão abertas entre 1 de fevereiro e 3 de março.

Estamos na quarta edição do Concurso de Jornalismo da Rede ILPF. Este ano o tema será “Sistemas ILPF: solução sustentável para a recuperação de áreas com baixa produtividade”.

O prêmio de terá cinco categorias: reportagens escritas, em áudio, vídeo, além de uma específica para veículos estrangeiros e uma outra para profissionais das instituições associadas à Rede ILPF.

Sobre ILPF

A integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é uma estratégia de produção que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades. E oferece diversos benefícios sociais, ambientais e econômicos.

As diferentes combinações dos sistemas integrados de produção representam, atualmente, cerca de 17,4 milhões de hectares cultivados no Brasil. Da safra 2015/2016 até a safra 2020/2021 houve um aumento estimado de 52% nas áreas de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF).

Entre as diversas vantagens da técnica, estão os benefícios para a recuperação dos pastos. Segundo a Embrapa dos 190 milhões de hectares de área de pastagem do Brasil, cerca 90 de milhões de hectares apresentam algum tipo de degradação.

A ILPF busca otimizar o uso da terra, elevando os patamares de produtividade, diversificando a produção e gerando produtos de qualidade. Com isso reduz a pressão sobre a abertura de novas áreas e mitiga gases de efeito estufa.

Edital e inscrições:

Poderão ser inscritas reportagens veiculadas a partir de março de 2023 e que não tenham sido inscritas nas edições anteriores.

Veja o edital completo no nosso site e participe.

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Minerva Foods é a primeira empresa do setor pecuário a fazer parte da Rede ILPF.

A Companhia é a primeira do setor pecuário a integrar a associação que promove a adoção da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) por produtores rurais como parte de um esforço visando a intensificação sustentável da agricultura brasileira.

A Minerva Foods, líder em exportação de carne bovina na América do Sul e uma das maiores empresas na produção e comercialização de carne in natura e seus derivados na região, anuncia a entrada na Rede ILPF – Associação Público-Privada que tem como objetivo de acelerar uma ampla adoção das tecnologias de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) por produtores rurais visando a intensificação sustentável da agricultura brasileira.

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma das mais importantes práticas do Plano ABC para a mitigação e adaptação das mudanças climáticas. A ILPF associa os sistemas produtivos agrícola, pecuário e florestal, podendo ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, beneficiando mutuamente seus componentes.

A parceria é mais uma das iniciativas do Programa Renove da Minerva Foods, que visa promover o engajamento de produtores rurais na adoção de práticas sustentáveis no campo, como por exemplo a implementação da ILPF, que possibilitam o aumento de produtividade e renda, trazendo benefícios ao meio ambiente por meio da conservação da biodiversidade e da baixa emissão de carbono.

A Minerva Foods chega para representar a letra ‘P’ da ILPF, sendo a primeira empresa do segmento pecuário a fazer parte da Rede. Além da Companhia, atualmente à associação é composta pelas empresas Bradesco, Cocamar, John Deere, Soesp, Suzano, Syngenta e Embrapa.

Com essa aliança, a empresa busca fortalecer dois componentes essenciais para a atuação do Programa Renove. “Os pilares de capacitação e as parceiras técnicas são pontos fundamentais da nossa estratégia de fornecer os insumos necessários aos produtores rurais, para que possam avançar em sua agenda ESG. Estamos entusiasmados em contribuir com a nossa experiência e ajudar a fomentar ações em prol desse bem comum, que é o agronegócio cada vez mais sustentável”, explica Gracie Verde Selva, gerente executiva do Programa Renove.

Para Isabel Ferreira, Diretora Executiva da Rede ILPF, a parceria amplia as possibilidades de aumento de produtividade. “A pecuária é um importante pilar do agronegócio brasileiro. Acreditamos que com o apoio da Minerva Foods vamos conseguir capacitar e avançar em nossa meta de áreas com os sistemas ILPF, contribuindo para elevar a eficiência e fortalecendo toda a cadeia. Estamos confiantes nos bons frutos gerados a partir dessa colaboração”, salienta ela.

A Rede ILPF atua realizando capacitação e diagnósticos regionais de viabilidade para a implantação dos sistemas integrados pelo Brasil. Segundo suas estimativas para a safra 2020/2021, a área ocupada com os sistemas ILPF no país corresponde a 17,4 milhões de hectares, com o objetivo de ampliar essa área para 35 milhões de hectares até 2030. Também está em seu foco a diversificação dos sistemas de produção e aumento da representatividade do componente florestal nesses sistemas.

Sobre a Minerva Foods

A Minerva Foods é líder em exportação de carne bovina na América do Sul e atua também no segmento de industrializados, comercializando seus produtos para mais de 100 países. Além do Brasil, a Minerva Foods está presente no Paraguai, na Argentina, no Uruguai, na Colômbia, e possui plantas especializadas em ovinos na Austrália, somando mais de 23 mil colaboradores. A empresa atende a cinco continentes com carne bovina, ovina e seus derivados e opera, hoje, 32 unidades industriais, 12 escritórios internacionais e 14 centros de distribuição.

 

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Dia de Campo Fazenda Santa Brígida

O dia de campo da Fazenda Santa Brígida será no dia 23 de março, em Ipameri- GO

O evento anual é promovido pela Rede ILPF e Associadas: Bradesco, Cocamar, John Deere, Soesp, Suzano, Syngenta e Embrapa.

Veja a programação abaixo:

– 23/03 Ipameri- GO

8h às 13h – Dia de Campo

Estação 1 – Sistema Santa Brígida de produção agrícola

– Roberto Freitas, consultor

Estação 2 – Sistema intensivo de produção animal

– William Marchio, consultor

Estação 3 – Bioinsumos no aumento da eficiência de uso de nutrientes

– Marco Antônio Nogueira, pesquisadores da Embrapa

Estação 4 – Balanço de carbono em sistemas de ILPF

– Roberto Guimarães e Robélio Marchão – pesquisadores da Embrapa

Local: Fazenda Santa Brígida – Ipameri-GO (clique aqui para localização)

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Caravana ILPF chega ao Maranhão e Piauí com diversas atividades.

Entre os dias 7 e 11 de novembro a Caravana ILPF vai percorrer diversas cidades dos dois Estados.

Clique aqui, veja a programação completa e faça sua inscrição.

A Caravana ILPF é uma realização da Rede ILPF e Associadas, com o objetivo de difundir e ampliar a área de ILPF no Brasil, além de realizar diagnósticos regionais sobre os sistemas integrados nas diversas regiões produtoras do país.

A expedição técnica e científica (Caravana ILPF) é composta por pesquisadores da Embrapa e técnicos da Rede ILPF e está percorrendo diversos estados brasileiros com ações previstas até o final de 2023.

A passagem da Caravana ILPF pelas cidades prevê dias de campo, palestras, oficinas, visitas institucionais e técnicas a produtores rurais, cooperativas, universidades, centros de pesquisa e diversos segmentos do agronegócio, públicos e privados.

Representantes das empresas que formam a Rede ILPF: Bradesco, Cocamar, John Deere, Soesp, Syngenta e Embrapa participam das atividades levando informações sobre o tema.

Nesta etapa a Caravana vai abordar os principais aspectos da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para os estados dois Estados, levando em consideração as características e potenciais de cada região.

Da área total plantada de soja, milho, algodão e feijão em território brasileiro, cerca de 10% estão localizados na região do Matopiba, que corresponde aos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e até o ano de 2019 foram produzidas 14,94 milhões de toneladas de soja. A região também se destaca por deter 7,3% do rebanho bovino, e até o ano de 2016, respondia a uma área de 450 mil hectares de florestas plantadas (Serviço Florestal Brasileiro, 2018).

Maranhão tem cerca de 4,79 milhões de ha com uso agropecuário e 5,59 milhões de ha no Piauí, juntos correspondem a aproximadamente 2% da área de uso agropecuário com algum tipo de sistema integrado de produção, evidenciando o grande potencial dessas regiões.

Parceria

No Maranhão e Piauí, além da parceria com a Embrapa Cocais e Embrapa Meio-Norte, a Caravana ILPF conta com o apoio do Projeto Desenvolvimento Agrícola Sustentável, executado pela Associação Rede ILPF e Embrapa, em parceria com a Cooperação Brasil-Alemanha por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, pelo Programa Cadeias Sustentáveis, com a colaboração do Governo do Maranhão.

Nova Etapa MA | PI

A terceira edição da Caravana ILPF de 2022, vai percorrer as cidades de Santa Inês (MA), Itapecuru Mirim (MA), Chapadinha (MA), Anapurus (MA), Piracuruca (PI) e Teresina (PI), entre os dias 7 e 11 de novembro.

Clique aqui, veja a programação completa e faça sua pré-inscrição.

Etapas anteriores

Etapa ES |BA

A primeira etapa considerada piloto, aconteceu entre os dias 4 e 8 de abril e percorreu seis cidades: Linhares (ES), Pedro Canário (ES), Nova Venécia (ES), Teixeira de Freitas (BA), Itabela (BA) e Eunápolis (BA), entre o norte do Espírito Santo e Sul da Bahia.

Etapa PR | SP | MS

Entre os dias 8 e 12 de agosto a Caravana ILPF passou pelas cidades de Maringá (PR), Jardim Olinda (PR); Presidente Prudente (SP), Santa Rita do Pardo (MS), Nova Andradina (MS); Dourados (MS) e Campo Grande (MS).

ILPF no Brasil

A ILPF é uma tecnologia de produção agropecuária com grande potencial de mitigação de emissões de gases de efeito estufa e sequestro de carbono pelo solo e biomassa, além de uma série de outros benefícios socioambientais e econômicos. A implementação dos sistemas ILPF variam de acordo com as características de cada região.

Metas

Segundo estimativas da Rede ILPF para a safra 2020/2021, a área ocupada com os sistemas ILPF no Brasil corresponde a 17,4 milhões de hectares. A Rede ILPF tem o propósito de ampliar essa área para 35 milhões de hectares até 2030, além de diversificar os sistemas de produção e aumentar a representatividade do componente florestal nesses sistemas.

Dessa forma, a ILPF irá contribuir para o alcance das metas apresentadas pelo Brasil em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) ao Acordo de Paris durante a COP-21 e reforçadas pelo Programa ABC+ do MAPA e os compromissos assumidos na COP-26.

Sobre a Rede ILPF

A Associação Rede ILPF é formada e cofinanciada pelas empresas Bradesco, Cocamar, John Deere, Soesp, Syngenta e pela Embrapa e tem como propósito contribuir para o aumento da produtividade de forma sustentável no campo.

A Rede ILPF atualmente apoia uma rede com 16 Unidades de Referência Tecnológica (URT) e 12 Unidades de Referência Tecnológica e de Pesquisa (URTP), distribuídas entre os biomas brasileiros e envolvendo a participação de 22 Unidades de Pesquisa da Embrapa.

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Mais de 100 técnicos da extensão rural iniciam capacitação em ILPF no estado de São Paulo.

Com 6,5 milhões de hectares ocupados por pastagens, em mais de 270 mil propriedades, o Estado de São Paulo tem 20% dessa área degradada e 60% em estágio inicial de degradação*. Para mudar esse cenário, mais de 100 técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) iniciaram uma capacitação continuada em sistemas de produção Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). A iniciativa busca ampliar em cerca de 1 milhão de hectares a área de integração no Estado até 2030.

Com apoio da Associação Rede ILPF e da Embrapa, o projeto para a restauração da capacidade produtiva dessas áreas, por meio de sistemas integrados, teve início nessa segunda-feira, 19 de setembro.

Para o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste, André Novo, a instituição não pode ficar longe da extensão rural. “Temos bastante proximidade com os técnicos. Eles são a nossa ponte com o setor agropecuário. Sem a extensão rural, as pesquisas não chegam até os produtores”, destacou André durante a abertura on-line da primeira etapa da capacitação.

A diretora executiva da Rede ILPF, Isabel Ferreira, ressaltou o engajamento dos parceiros nesse projeto e sua potencialidade.

O coordenador substituto da CATI, João Brunelli Júnior, frisou que não é um projeto de curto prazo. De acordo com ele, já existe um cadastro de propriedades interessadas em iniciar o trabalho com ILPF e o compromisso da CATI de acompanhar essas fazendas.

Entre os principais objetivos do projeto, além da ampliação da integração no estado, estão: reduzir os custos globais de produção na agropecuária, contribuir com a mitigação de gases de efeito estufa, melhorar a disponibilidade de alimentação animal na estação seca, recuperar pastagens degradadas e melhorar as condições do solo em áreas de lavoura.

Os mais de 100 técnicos participantes começaram o nivelamento teórico, com duração de três dias, na sequência virão as atualizações presenciais e o início da implantação dos sistemas ILPF nas propriedades com supervisão da Rede ILPF.

*(Fonte: LUPA-SAA)

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Fazenda Esperança – Santa Carmem (MT) – Agosto 2022

Quando comprou o primeiro talhão em 1987 do que hoje se tornou a Fazenda Esperança, em Santa Carmem (MT), Invaldo Weiss tinha em mente trabalhar apenas com pecuária de corte extensiva. Foi assim até 1995, quando passou a arrendar parte da propriedade para agricultores. Vendo que a atividade era lucrativa para os arrendatários, decidiu ele mesmo fazer a agricultura a partir de 2001. Começou com o plantio de milho e 20 hectares de soja.

Ao longo do tempo, na medida em que o produtor ganhava experiência e confiança, o espaço com lavoura foi crescendo. No entanto, agricultura e pecuária caminhavam de forma isolada na propriedade. A mudança começou a ocorrer quando Invaldo conheceu a integração lavoura-pecuária e a integração lavoura-pecuária-floresta em visitas à Embrapa Agrossilvipastoril e participando de eventos. Desde então vem adotando gradativamente as tecnologias e modificando todo o sistema da fazenda.

Invaldo Weiss Produtor Rural

Na safra 2021/2022, a propriedade cultivou 2.680 ha de lavoura de soja. Dessa área, 2.000 ha foram cultivados com milho na segunda safra, 180 hectares receberam plantas de cobertura e 500 hectares viraram pastagem, sendo 56 hectares em ILPF e o restante em ILP. Outros 800 hectares da fazenda contam com pastagem, sendo parte da área anteriormente rotacionada com a lavoura. A Fazenda Esperança conta também com 8 hectares de reflorestamento de eucalipto e cerca de 2.500 ha de vegetação nativa.

De acordo com o produtor, a adoção dos sistemas integrados possibilitou mudar a dinâmica do sistema de cria, sobretudo com a inversão da estação de monta.

“Na pecuária convencional, eu teria de fazer a estação de monta nas chuvas, com nascimentos em outubro e novembro. Aí o bezerro está no pé da vaca no início das chuvas. Dá muita requeima, pois a [braquiária] Brizanta esqueta com sol quente e o bezerro está com a pele sensível. Então perdia muito bezerro. Aí comecei a mudar a data da inseminação. Inverter a estação”, explica.

Outra motivação para inversão da estação é o mercado e a disponibilidade de boi gordo em um momento diferente daquele em que há maior oferta.

“Eu não tinha mais como terminar boi a pasto antes de iniciar a seca. Entregava um ano depois, no final da chuva, que é o momento de pior preço. Para fugir dessa situação, mudei a estação, comecei a adubar os pastos, jogar calcário… Consegui uma matriz numa situação melhor. Na estação tradicional a vaca estará com bezerro grande na entrada da seca e ele ainda estará amamentando. Aí ela fica couro e osso. Hoje, se olhar as vacas que desmamamos, não estão gordas, mas estão de 500 kg para cima. Dificilmente tenho vacas em desmama com menos de 500 kg”, argumenta o produtor.

Atualmente a fazenda conta também com um confinamento onde é feita a terminação dos animais. O local é sombreado com árvores para garantir melhor conforto térmico para o gado, que começa a ir para o abate com 16 a 18 meses, no caso dos novilhos precoces.

“Antes de usar a integração, estação de monta invertida e terminação em confinamento, o gado ia para abate com 36 meses. O primeiro lote não saía com menos de 30 meses. Hoje são, no máximo, 24 a 26 meses”.

Na fazenda Esperança a pecuária é feita em ciclo completo, com a maior parte das matrizes da raça nelore. Parte delas é inseminada com sêmen da raça asturiana. O uso da raça espanhola é fruto de um acordo com frigorífico local e a rede de supermercados Carrefour. O primeiro lote da raça foi abatido em agosto de 2022, com a previsão de pagamento de bônus de 5% nos machos e 3% nas fêmeas.

As vacas ficam todas nos pastos de integração lavoura-pecuária, que são os únicos com forragem de qualidade no período seco do ano, de junho a setembro. O uso da ILP possibilitou o fornecimento de capim de qualidade na seca. Os bezerros nascem de maio a julho, período com menor mortalidade e maior facilidade de manejo. Ao mesmo tempo, os bezerros passam o período seco mamando e ganhando peso. São desmamados no período chuvoso e, no próximo período seco já são encaminhados para o confinamento.

A preocupação com o bem-estar animal também se reflete em outros pontos da fazenda. Um curral anti-stress foi construído nos últimos anos. Isso possibilita uma maior tranquilidade no manejo do rebanho e evita lesões.

Todos os pastos possuem bebedouros com água encanada, ofertando-se assina água limpa e de qualidade e evitando-se o acesso dos animais aos cursos d’água.

Nos 56 hectares de ILPF da fazenda foi utilizado o eucalipto como espécie arbórea. A madeira se destina ao uso na própria fazenda, tanto no secador de grãos, quanto na retirada de lascas para as cercas.

O plantio ocorreu em renques de linhas triplas, com distância de 90 metros entre eles. O dimensionamento visou permitir três passadas do maquinário fazenda entre as árvores. Parte das árvores já vem sendo colhidas. Em alguns renques foram retiradas duas linhas e em outros uma linha.

A última inovação da fazenda, visando aumentar a sustentabilidade e também reduzir custos de produção foi a instalação de uma usina fotovoltaica para fornecer energia para toda a propriedade.

Gabriel Faria (MTB 15.624 MG)

Embrapa Agrossilvipastoril

agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br

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Equipe da Embrapa Agrossilvipastoril mostra tecnologias de baixo carbono a jornalistas europeus.

Seis jornalistas de veículos europeus estiveram na Embrapa Agrossilvipastoril na última quarta-feira para conhecerem as pesquisas realizadas com tecnologias de baixa emissão de carbono, sobretudo os sistemas integrados de produção agropecuária. O grupo também visitou duas fazendas na região de Sinop (MT), onde puderam ver a adoção de integração lavoura-pecuária (ILP) e da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

Os profissionais vieram a Brasil a convite da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil). Antes de irem a Sinop, eles participaram do Global Agribusiness Forum, onde assistiram a uma palestra do presidente da Embrapa Celso Moretti, que antecipou a eles algumas das informações que veriam in loco em Mato Grosso.

Na Embrapa Agrossilvipastoril o grupo foi recebido pela chefe-geral, Laurimar Vendrusculo, pelo chefe-ajunto de Transferência de Tecnologia, Flávio Wruck, e por pesquisadores e analistas de Transferência de Tecnologia. Eles conheceram o trabalho feito pela Unidade, viram as pesquisas sobre mensuração das emissões de gases de efeito estufa nos sistemas produtivos, visitaram dois dos maiores experimentos de ILPF do país, viram pesquisas sobre a recuperação de ecossistemas e ouviram sobre o uso de sistemas agroflorestais.

Os repórteres aproveitaram para tirar muitas dúvidas sobre as pesquisas e resultados obtidos, bem como as estratégias de transferência de tecnologia para possibilitar a adoção pelos produtores.

“A visita de profissionais da comunicação, principalmente do continente europeu, foi importante porque permitiu informar conceitos, vivenciar práticas e avaliar resultados que contribuem significativamente para melhorar a sustentabilidade e produtividade de sistemas agrícolas tropicais. A sensibilização destes profissionais permitirá dar escala ao excelente trabalho desenvolvido na Embrapa Agrossilvipastoril, apesar de todos os nossos desafios”, avaliou a chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril, Laurimar Vendrusculo.

Fazendas com sistemas integrados

No dia seguinte os jornalistas visitaram duas fazendas indicadas pela equipe da Embrapa. Na Fazenda Santana, em Sorriso (MT), o proprietário Juliano Paiva contou a história da família, que se mudou de São Paulo para Mato Grosso na década de 1970. Ele apresentou a fazenda e levou o grupo até a área onde é feita a integração lavoura-pecuária. Parte da fazenda é usada em experimentos conduzidos pela Embrapa e UFMT em projeto sobre consórcios de segunda safra para ILP e para plantio direto. Cristina Delicato, representante do Clube Amigos da Terra de Sorriso, também falou sobre o projeto de soja responsável e a venda de créditos de carbono, ambos com participação da fazenda Santana.

No período da tarde a visita foi à Fazenda Esperança, no município de Santa Carmem (MT). Como o proprietário Invaldo Weiss estava viajando, o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, Flávio Wruck, fez a apresentação da fazenda com apoio dos gerentes de pecuária e agricultura. Embora não seja uma URT, a fazenda Esperança é considerada um modelo pela adoção de boas práticas e pelo zelo do produtor.

No local o grupo pode ver a ILPF, a ILP, o reflorestamento e o confinamento para terminação do gado. O cuidado com o bem-estar animal foi um dos pontos que chamaram a atenção na propriedade, com a instalação de um curral anti-stress e com a arborização do entorno do confinamento.

Participaram da visita três jornalistas do Reino Unido: Oliver Morrison, editor de seção do site Food Navigator; Harry Holmes, editor de recursos na revista online The Grocer; e Robert Birkeet, repórter da Crop Science & Agribusiness; a jornalista espanhola Elena Nicolás, que é repórter do jornal online com sede na Bélgica EU Observer; Hélène Parisot, repórter da revista La France Agricole; e Silvia Richter, editora do jornal alemão Rural 21.

Gabriel Faria ((MTB 15.624 MG))
Embrapa Agrossilvipastoril
gabriel.faria@embrapa.br
Telefone: 66 3211-4227

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