O pesquisador Raimundo Braga destaca a importância da implantação das Unidades Demonstrativas
A Rede ILPF propôs a meta de desenvolver, em parceria com os agricultores do Nordeste, sistemas integrados de produção em 20% da área de agricultura. Este é o desafio lançado pela Embrapa e Associação Rede ILPF durante o Seminário Nordeste – Inovações na Integração Lavoura-Pecuária-Floresta que começou ontem (13) no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. O seminário faz parte da programação do XXIII PecNordeste e prossegue até sábado (15) com mesas redondas, workshop e visitas técnicas.
O objetivo do seminário é discutir inovações desenvolvidas pela Embrapa e parceiros para os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) no Nordeste. A tecnologia é uma estratégia de produção que reúne diferentes sistemas agrícolas, pecuários e florestais numa mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades.
O pesquisador da Embrapa Renato Rodrigues, que também é coordenador da Associação Rede ILPF, acredita que o seminário seja o primeiro passo para a implementação de um plano de trabalho para a região. O objetivo é aumentar a renda do produtor e criar estratégias para a convivência com as adversidades climáticas. “É uma gigantesca oportunidade de usar ILPF como uma ferramenta de desenvolvimento regional”, afirmou.
O chefe de gabinete da presidência da Embrapa, o pesquisador Raimundo Braga, salienta que a área implantada com o sistema no Nordeste ainda é muito pequena. O evento, segundo ele, é uma oportunidade para começar o processo de ampliação da adoção da tecnologia na região. “Queremos trazer mais informações tecnológicas, com base na ciência, em resultados da pesquisa que já foram feitos pela Embrapa e por outras instituições nacionais e dar um salto qualitativo e quantitativo desse sistema no Nordeste”.
Para Raimundo Braga a principal estratégia para ampliar a adoção da tecnologia é a instalação de uma rede de unidades demonstrativas, que provem e convençam o produtor sobre a importância do sistema por meio da demonstração dos resultados de pesquisa desenvolvidos pela Embrapa e parceiros ao longo dos anos.
Mais produção e lucro
Durante todo o dia, especialistas demonstraram resultados de iniciativas de pesquisas com ILPF no Nordeste. Foram discutidas também questões como crédito e assistência técnica. Um exemplo dos bons resultados de ganhos econômicos e ambientais foi apresentado pelo pesquisador Henrique Rangel, da Embrapa Tabuleiros Costeiros. Os produtores do Agreste Sergipano estão aderindo à integração entre bovino, gliricídia e braquiária após a comprovação dos benefícios para a produção.
Conforme o pesquisador, além do ganho em produtividade de carne – cerca de 4 arrobas a mais por hectare ao ano – os produtores deixaram de gastar com adubo nitrogenado, o que representa uma economia de cerca de R$ 1 mil por hectare ao ano. “Isso só o ganho animal, fora o ganho que existe de matéria orgânica no solo, de nitrogênio no solo, de conforto animal e até do aumento da fauna”, diz o pesquisador.
Nesta sexta-feira (14), o coordenador do seminário, pesquisador João Pratagil, conduzirá um workshop com o objetivo de discutir a ampliação da implementação do sistema na região. No encerramento do seminário, no sábado, acontece a visita técnica à fazenda Grangeiro, em Paracuru (CE), a 86 km de Fortaleza. Ali, os participantes conhecerão uma experiência de integração lavoura-pecuária (ILP) que une a produção de coco à criação de bovinos leiteiros.
O evento é promovido pela Embrapa e Associação Rede ILPF (Rede ILPF), em parceria com a Federação da Agropecuária do Estado do Ceará (Faec) e o XXIII PecNordeste. A Associação Rede ILPF é uma parceria público-privada formada por Embrapa, Cocamar, Bradesco, John Deere, Ceptis, Premix, Soesp e Syngenta. O objetivo da entidade é acelerar adoção das tecnologias de ILPF no País.