Família Mantovani arborizou os pastos com pequizeiros e hoje colhe os frutos de um sistema diversificado e produtivo
No início dos anos 2000, quando plantaram os primeiros pés de pequi em seu sítio em Terra Nova do Norte (MT), Enor e Janete Mantovani buscavam oferecer conforto térmico para suas vacas leiteiras e ter uma renda extra. Não esperavam que anos depois, os frutos passassem a ser a principal fonte de renda da propriedade. Hoje, o pequi divide as atenções com uma boa produtividade de leite e com outros produtos obtidos em diferentes modalidades de sistemas agrossilvipastoris, como cupuaçu, cacau, café e citros.
“Antes o carro chefe era o leite. Hoje posso dizer que é o pequi. O montante de pequi é grande. Traz um retorno muito bom para a gente. Dá certo trabalho na época na coleta. Mas a vantagem é que o pequi você não precisa carpir, roçar, adubar, passar veneno. Não precisa fazer nada. É tudo orgânico. E o retorno que ele te dá é praticamente limpo”, explica Enor Mantovani.
Atualmente a família possui cerca de 1.200 pés de pequi em 11,5 dos 22 hectares do Sítio Pequizal. A produtividade média anual é de 6 a 8 toneladas por hectare. As árvores fazem sombra para um rebanho que varia de 15 a 20 vacas em lactação. Elas pastejam em piquetes formados com diferentes tipos de capim ou com amendoim forrageiro.
De acordo com Enor, o amendoim forrageiro entrou no sistema como forma de controlar o mato sob a copa dos pequizeiros e de facilitar a visualização dos frutos que são coletados no chão. A leguminosa se espalhou pela área e trouxe resultados positivos para o gado.
“Hoje meu gado tem uma qualidade de vida boa. Tem um conforto térmico bom. Ele fica bem a vontade em baixo dos pequizeiros e das outras frutíferas comendo amendoim forrageiro e um pouco de gramíneas. E tem também o pasto onde elas comem Massai, Mombaça e outras forrageiras.”
Produtividade alta e estável
Participante do programa Leite a Pasto, da Coopernova, Enor recebe assistência técnica dos profissionais da cooperativa. De acordo com dados da própria instituição, após um ano no programa, o Sítio aumentou a produção e a produtividade de leite mesmo tendo reduzido a área utilizada e o número de animais. A média diária por animal passou de 4,1 para 7,5 e a produção mensal obtida com 15 vacas aumentou em 50%, chegando a 3.376 litros no último quadrimestre de 2018.
Parte da responsabilidade pelo aumento da média produtiva foi a implantação de uma nova área de três hectares com sistema ILPF. Pequizeiros foram plantados no espaçamento de 12m x 12m. O número é um pouco maior do que o restante do sítio, onde a distância escolhida foi de 10m x 10m.
No espaço entre as linhas Enor fez o que ele chama de banco de proteína para o gado na seca. Plantou cana, feijão guandu e linhas de leucena e de gliricídia.
Na época da seca, ele leva um triturador portátil para a área, corta as leguminosas, tritura e mistura à cana triturada. Com uma carretinha acoplada à moto, leva a forragem para as vacas. Esse tratamento garante a estabilidade da produção de leite a um custo baixo.
“É uma comida que dá um pouco de trabalho, mas financeiramente eu gasto muito pouco. Somente um pouco de óleo e gasolina. As vacas têm uma alimentação muito boa, o leite não cai na seca e chega ao final da seca as vacas continuam gordas
Diversificação
A implantação dos sistemas silvipastoris ocorreu de forma gradual no sítio Pequizal. Em cada piquete arborizado, nos dois primeiros anos, era cultivado nas entrelinhas arroz, milho, feijão, abóbora, entre outros produtos. A partir do segundo ano o gado já entrava na área, desde que houvesse forrageira disponível. A falta de alimento levava o gado a danificar as árvores.
Enor explica que como o pequi é uma espécie nativa do Cerrado, acostumada a solos frágeis e ácidos, não é feita qualquer correção no solo ou adubação nas plantas . Algumas pragas, como a mosca da fruta chegaram a causar danos, mas na medida em que diversificou as espécies arbóreas na propriedade, o problema foi reduzido.
Esta diversificação tem sido feita com castanheira, cacaueiro, cupuaçuzeiro, citros, banana, café, açaí e até mesmo com uma muvuca de espécies.
Muitas dessas combinações ele aprendeu a partir de experiências oriundas da participação na Rede de Sementes do Portal da Amazônia, em parceria com o Instituto Ouro Verde.
Em um piquete do sítio, por exemplo, utilizou mais de 30 espécies arbóreas e arbustivas plantadas em renques. O espaço entre renque é ocupado por capim, por onde o gado já pasteja devido ao uso de cerca elétrica para isolar as mudas. A área é usada em pesquisas da Unemat de Alta Floresta.
Transferência de tecnologia
O Sítio Pequizal se transformou em uma referência para produtores da região. Não à toa, o volume de produção de pequi aumentou, fazendo com que o produto já tenha de ser vendido para mercados um pouco mais distantes.
A experiência com a ILPF e com sistemas agroflorestais também tem inspirado outros agricultores que visitam o sítio em dias de campo , aulas práticas e visitas técnicas.
“Para nós que somos pequenos agricultores, é muito interessante fazer a integração completa. Dá um pouco de trabalho? Dá. Mas depois você vê os benefícios. Além de você dar uma melhor condição para o gado, até o visual da propriedade muda. Dá prazer até passear nos piquetes. É um recompensa muito boa. É gratificante”, afirma Enor.
Quem já usa ILPF: Depoimento Enor Mantovani – Sítio Pequizal
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