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Agricultura com coragem e determinação: Conheça a trajetória de três trabalhadoras do campo que mudaram a vida por meio da agricultura.

Neste Dia Internacional da Mulher, apresentamos um breve perfil de três lideranças femininas à frente de propriedades rurais do programa SustentAgro.

Edna Alves vivia há 25 anos na cidade, quando decidiu retornar ao campo, há cinco, para cuidar de um dos lotes do sítio Três Irmãos, em Terra Nova do Norte (MT), herdado do pai. Lucimar Militão trabalha com agricultura familiar em um assentamento Carlos Mariguella em Itaberaí (GO) desde 2000, quando se casou, e alterna o trabalho com a terra com a função de liderança na associação local.  Com apenas 21 anos, Ana Giulia de Oliveira concilia a faculdade de agronomia com o dia a dia da propriedade familiar na Fazenda Santa Rosa, em Campo Grande (MS), arrendada pelo pai. Três trajetórias distintas, que se aproximam pela coragem e a disposição com que se dedicam à pesada rotina de aprendizado diário, cuidados com a terra e administração das propriedades rurais em uma das áreas de produção agrícola mais consolidada do país. Edna, Lucia e Ana Giulia participam do projeto SustentAgro, uma iniciativa da Associação Rede ILPF em parceria com o Land Innovation Fund que leva capacitação e transferência de tecnologia para o incremento do uso do sistema integrado lavoura-pecuária-floresta nos estados do centro-oeste brasileiro.  

As três lideranças escolhidas para representar o gênero neste Dia Internacional da Mulher estão dentre os 78% de participação feminina, como gestora principal ou cogestora, das propriedades rurais que integram o portfólio SustentAgro. “As mulheres que participam da nossa iniciativa são fortes, guerreiras, lutadoras e líderes. A representatividade delas vai muito além das porteiras: elas atuam em direção de associações e cooperativas, em projetos, em processos sucessórios, entre outros assuntos igualmente relevantes para a administração rural”, afirma Nilo L. Sander, Coordenador do projeto SustentAgro na Associação Rede ILPF. “Temos todo o respeito e carinho por estas e pelas outras mulheres do campo que se dedicam para além de proteger a família, produzir e promover a segurança alimentar de milhares de pessoas”, completa.

Lucimar Militão divide o tempo entre os cuidados com a terra e com a associação no assentamento Carlos Mariguella, em Itaberaí, Goiás. Incansável, ela alterna a rotina no campo com idas à cidade para participações em reuniões do conselho municipal, da prefeitura e do INCRA. “Eu gosto de estar presidente da associação, ser mulher, cuidar da casa, trabalhar no campo. Eu faço o que eu gosto. Gosto de limpar, capinar, de estar com o pessoal no mutirão”, afirma. O assentamento cultiva mandioca, hortaliças, frutas e arroz, que fornecem para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Com o SustentAgro, começam a praticar integração lavoura-pecuária, plantando mudas de árvores nativas do Cerrado na propriedade. “Com o SustentAgro, temos a esperança de entregar o arroz limpo para ser uma fonte de renda a mais em nosso dia a dia”, explica Lucimar. 

Edna Alves trocou 25 anos de vida na cidade pelo campo, e não pensa em voltar atrás. “A vinda para cá foi boa, não tenho do que reclamar não, minha família toda mora aqui, meus irmãos. E está difícil no campo e na cidade. Aqui a gente tem plantação e criações que ajudam na alimentação, a gente acaba não precisando comprar de tudo”, explica. Edna administra um lote de lavoura-pecuária com plantação de frutas e milho. Além de gado, cria porcos e galinhas com a ajuda do marido e de dois filhos. O mais velho escolheu ficar na cidade, em Sinop, onde moravam antes iniciar a vida no campo.  Para Edna, o campo é uma oportunidade de aprendizagem diária. “O SustentAgro nos ajuda a tomar melhores decisões, e a produzir mais e melhor”, explica. “Vimos como é bom recuperar a mata, não é preciso derrubá-la para ter terras boas para a plantação”, completa.

A mais nova do trio chegou ao campo há pouco mais de um ano: Ana Giulia de Oliveira pensou em cursar medicina antes de assumir um lote da fazenda da família. “Sempre morei em cidade. Antes não me identificava com fazenda. Entrei na faculdade de agronomia na dúvida, sem saber se ia gostar. Entrei e me apaixonei pela área. Não quero mais outra coisa”, conta. Giulia é responsável por uma área de 400 hectares, com 200 dedicados à pecuária. A meta é fazer integração com lavoura de soja, aproveitando os hectares mais férteis. Até agora, o maior desafio enfrentado pela jovem foi ser aceita pelos funcionários, principalmente os mais velhos. Ela precisou fazer ajustes na equipe, e prefere trabalhar com profissionais por temporada, contratado para cada empreitada. Mas não pensa em desistir: “a gente tem que encarar, levantar a cabeça e mostrar que a gente consegue sim”, afirma.

“As lideranças femininas são fundamentais para ampliar a diversidade de pontos de vista na agricultura. Esta é uma atividade que exige cuidado e dedicação, atributos muito valiosos para o universo feminino, e que dialogam diretamente com a realização de práticas agrícolas sustentáveis. Neste Dia Internacional da Mulher, e em todos os outros dias do ano, prestamos a nossa homenagem àquelas que nos ajudam a produzir alimentos, cuidando da terra e do meio ambiente”, afirma a diretora do Land Innovation Fund, Ashley Valle.

SUSTENTAGRO:

“O programa SustentAgro tem gerado uma grande revolução no ganho de renda e no aprimoramento das atividades agrícolas, principalmente entre os pequenos produtores e os de assentamentos rurais. Vemos a transformação on-farm, na vida das pessoas. Os produtores já entenderam que eles podem evoluir suas técnicas de produção, deixá-las cada vez mais sustentáveis, contribuindo diretamente para o controle das mudanças climáticas”, afirma Nilo Sander, gestor do programa.

Trabalhando em parceria e colaboração com seis instituições de pesquisa, o SustentAgro já selecionou dezoito Unidades de Disseminação de Tecnologia (UDT’s) que somam 21 propriedades rurais para disseminação de conhecimento, e oito Unidades de Referência Tecnológica (URT) –  sendo seis instituições de pesquisa e duas fazendas –  em um total de 23 propriedades rurais cobrindo mais de 23 mil hectares.

Ao final do projeto, será desenvolvida uma plataforma integrada com dados de monitoramento e verificação da cadeia produtiva da soja, capaz de unificar parâmetros e requisitos de sustentabilidade. E será ainda elaborado um protocolo de carbono que atenda às diretrizes estabelecidas por especialistas da Embrapa e de instituições do mercado voluntário, com validação do serviço por uma certificadora internacional.

“O projeto SustentAgro reforça e reafirma a importância do apoio técnico-financeiro à implementação de ações com foco na fazenda para disseminação de conhecimento e capacitação profissional em favor de uma agricultura sustentável e inteligente para o clima”, afirma Ashley Valle.